Uma homenagem à emigração e aos emigrantes é o mais recente trabalho do escultor guardense Pedro Figueiredo, que pode ser visitado, em Celorico da Beira, na rotunda de ligação ao IP2 e Celorico Gare. A escultura de 1.500 quilos foi inaugurada no sábado, Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
«Trata-se de um retrato à emigração tradicional» dos anos 50 e 60, explicou o escultor a O INTERIOR. A sua inspiração foi exactamente aquilo retratou na escultura em silhueta: «É um mapa de Portugal, com o homem a sair para um lado, virado para estação, e a mulher e a filha ficam do outro», refere o escultor, revelando que há ainda uma mala que atravessa o mapa. Na época, lembra Pedro Figueiredo, «a emigração era diferente, a população emigrava com o desejo de voltar», sendo que na maioria dos casos ia primeiramente o homem e só mais tarde a restante família. Segundo o artista, este é um trabalho «que retrata também a história do distrito, onde a emigração esteve sempre presente».
A colocação desta escultura naquele local foi uma iniciativa da autarquia de Celorico da Beira, que viu aqui uma oportunidade de «corrigir um considerável distanciamento relativamente à emigração dos celoricenses que carece, desde há muito tempo, de reconhecimento adequado e justo», referiu o presidente da Câmara. Ao mesmo tempo, o município liderado por José Monteiro quis criar naquela rotunda alusiva ao emigrante «um lugar de interesse cultural e turístico» para os celoricenses residentes no estrangeiro e descendentes. Segundo o edil, este passo é «uma mudança de paradigma na nossa relação com os celoricenses fora do país», mas é sobretudo «uma forma de honrar e considerar a história de todos aqueles que um dia tiveram de partir para viverem e trabalharem no estrangeiro».
Trabalho de Pedro Figueiredo cada vez mais reconhecido
Depois do “Anjo da Guarda”, na Avenida de São Miguel, está a chegar o “Guarda no Coração”, ambas esculturas de Pedro Figueiredo. “Guarda no Coração”, surge na se sequência da participação do artista no Simpósio Internacional de Arte Contemporânea (SIAC) e será colocada na Praça do Município, em frente à Câmara Municipal.
A nova peça de Pedro Figueiredo será em bronze e retrata uma mulher com os braços levantados e um coração nas mãos. Aproveitando o nome da cidade e o verbo “guardar”, «é feita uma analogia», passando a mensagem «vem-se à Guarda e a cidade fica no coração», explicou o autor da obra. Além desta obra, brevemente haverá mais uma escultura de Pedro Figueiredo em Celorico da Beira, na Rotunda da Ratoeira, e o escultor prepara-se para inaugurar uma outra na Avenida Fernão Magalhães, em Coimbra, cidade onde reside. O trabalho de Pedro Figueiredo extrapola cada vez mais as paredes das galerias de arte e é cada vez mais reconhecido na região que o viu nascer, o que é «resultado de muito trabalho», refere o escultor, acrescentando que é ao mesmo tempo «natural, pois se o meu trabalho se torna público acaba por se tornar mais conhecido».
Ana Eugénia Inácio