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Coisas…

Anunciava O Interior há uma semana que o Sr. ministro da saúde já decidiu que o novo hospital da Guarda vai ficar situado dentro da cerca do ex-Sanatório. Informava ainda que está prevista a sua vinda para o respectivo anúncio lá para meados do mês de Junho.

A notícia constitui de facto uma novidade no meio desta salgalhada que se arrasta há já um ror de tempo e tem, pelo menos, o condão de nos manter na expectativa em relação à visita do senhor e à confirmação (ou não) da notícia veiculada. No entanto, quer-me cá parecer que tudo isto pode não passar de mais uma manobra de diversão destinada, por um lado, a alimentar uma novela sem fim à vista e, por outro, a procurar tirar dividendos “eleitoraleiros” em vésperas de mais uma recolha de votos à carneirada votante.

Pelo andar da carruagem até ao momento, quase podemos palpitar que, do lado de quem tem tomado parte na briga, há muito mais interesse em evitar que o adversário ganhe alguma coisa com o negócio do que, propriamente, conseguir algo de útil para a terra e para as suas gentes. Trocando por miúdos, isto faz lembrar a felicidade estampada no rosto dos benfiquistas de cada vez que o Porto perde ou vice-versa e ao contrário, como muito bem diria o Conde do Contra.

Ora, acontece que, se com a vinda do ministro o anúncio da construção do novo hospital dá dividendos “votivos” ao PPD, o local anunciado faz pender os méritos para os lados do PS. Fica tudo a ganhar, pensar-se-á! Errado. Fica tudo a perder porque, segundo a teoria dos benfiquistas e dos portistas, ninguém perde o suficiente para deixar o “inimigo” feliz.

É evidente que, nestas coisas do futebol e da política, ir à frente do campeonato é meio caminho andado e neste momento quem comanda é o PPD; quero crer que, se da última vez que o Dr. Luís Filipe Pereira esteve na Guarda o fez com a camisola do partido, desta feita não se esquecerá com certeza de vestir a da selecção nacional, ou seja, deverá vir à Guarda equipado à ministro. E contra isto pouco pode o PS que, nesse dia, mais não poderá fazer do que bater uns tachos e umas panelas para tentar abafar os ecos e os dividendos do adversário.

Assistiremos mais uma vez aos discursos inflamados da Dra. Ana Manso, exaltando os deuses a começar em Sá Carneiro e a acabar em si própria, bem como às tentativas dos socialistas em calar a berraria puxando os méritos da escolha do local para o seu bom senso e visão política a bem da terrinha.

Ah! E no meio de tudo isto há de facto um hospital a construir e um outro a ruir. Há doentes e profissionais cada vez mais preocupados com um futuro que parece estar a ser jogado como apenas mais um trunfo neste jogo do burro em pé em que se tornou a política à portuguesa.

Aguardemos.

Por: António Matos Godinho

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