Caros leitores, desde há muito que tenho afirmado que o que hoje está em jogo é muito mais do que a nomeação de A ou B para o cargo de Primeiro-Ministro, o que está em jogo é a própria sobrevivência do regime democrático. Por isso, é de vital importância votar, em consciência, livre de qualquer preconceito ideológico, convicto da sua escolha, contribuindo assim para o fortalecer da nossa democracia e consequentemente do nosso país.
No momento em que precisamos de nos mostrar perante o mundo como um país responsável, civilizado e com uma democracia madura e estável, vemo-nos confrontados com uma campanha eleitoral desnecessária, umas eleições perfeitamente evitáveis e só desejadas por aqueles cuja sede de poder se sobrepõe ao interesse nacional.
Estas eleições têm uma particularidade que as reveste de um interesse acrescido. Na minha opinião, mais do que em nomes, vamos votar no modelo social que queremos para o país, ou seja, talvez como há muito não acontecia, a ideologia irá, também ela, a votos.
Não querendo dizer ao leitor em que partido votar, acho que todos nós nos devemos fazer algumas questões que nos ajudarão a decidir o sentido de voto:
– quero um serviço nacional de saúde cada vez mais reforçado e com melhor capacidade de resposta às nossas necessidades, ou quero a privatização do mesmo, com a consequente gestão centrada exclusivamente na obtenção do lucro?
– quero um Estado onde o acesso ao ensino é tendencialmente gratuito ou quero um ensino entregue aos privados onde, objetivamente, a igualdade de acesso é comprometida?
– quero uma desmedida e perigosa aventura neo-liberal no que toca à relação laboral, ou regras bem definidas, baseadas em contratos claros regulados por um Código do Trabalho protetor dos direitos de quem trabalha?
– quero um governo com estável e capaz de enfrentar os tempos difícil que temos pela frente, ou uma aventura que, tal como na Inglaterra, não pode oferecer segurança ou garantias de sucesso?
Estas são 4 pequenas questões, outras, muitas outras, podem e devem ser feitas antes de tomar uma decisão. A única decisão que não pode, ou pelo menos não deve, tomar é a de não votar, isto é, fazer a figura de “treinador de bancada” que não escolheu mas, independentemente da escolha que os outros façam, está mal feita porque são “todos iguais”. Quem não participa, simplesmente, não tem o direito de reclamar.
E nós por cá? Quais os assuntos que devemos pôr em cima da mesa?
Fico muito feliz por saber que nesta campanha, finalmente, o assunto Hospital da Guarda, deixou de ser assunto de disputa eleitoral. Sempre que nos era pedido o voto, este tema era inevitável. Acabou, porque houve quem cumprisse com a promessa.
Pessoalmente gostava de ver discutidos alguns temas:
– o que se defende para a modernização do mapa administrativo do distrito?
– sendo nós um distrito do interior, com problemas de desertificação, que medidas serão propostas para inverter este abandono da região? Ou pelo menos estancá-lo?
– que medidas serão propostas para ajudar à fixação de empresas na região?
– tendo esta uma região, nomeadamente no inverno, necessidades de aquecimento muito superiores à media nacional, não seria de ponderar tarifas de eletricidade e gás diferenciadas?
– ponderam apresentar alguma proposta que confira competitividade às empresas instaladas na região, nomeadamente por via fiscal?
Por favor, não deixe que os outros escolham por si… VOTE, seja exigente com aqueles a quem der o seu voto, contribua para uma melhor e maior democracia.
Por: Nuno Almeida
* Presidente da concelhia da Guarda do PS