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Edifícios emblemáticos da Covilhã classificados de interesse público

«Harmonia» e monumentalidade do conjunto formado pelo Teatro-Cine, Câmara, Correios e Caixa Geral de Depósitos foram determinantes para reconhecimento

Os edifícios do Teatro-Cine, Câmara Municipal da Covilhã, Correios e Caixa Geral de Depósitos, todos situados na Praça do Município, foram classificados como conjunto arquitetónico de interesse público.

De acordo com a portaria publicada na segunda-feira em “Diário da República”, a praça foi reorganizada entre 1944 e 1958 por uma intervenção «esteticamente coerente» integrada na estratégia de obras públicas levada a cabo nos “anos de ouro” do Estado Novo pelo arquiteto João António de Aguiar, no contexto do ciclo de planeamento desencadeado por Duarte Pacheco. «Tal reconfiguração do centro cívico de uma cidade, moldado à imagem do regime através do recurso à sua linguagem identitária, patente nos quatro imóveis e assente na estética revivalista, onde a repetição de elementos, como os revestimentos de cantarias de granito, arcadas e pináculos, define o caráter homogéneo de escala e estilo e a solidez monumental, constitui sem dúvida um caso único na época», sublinha o despacho do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

O Teatro-Cine, sucessor do oitocentista Theatro Calleya, foi projetado pelo arquiteto Raul Rodrigues Lima, enquanto o atual edifício dos Paços do Concelho veio igualmente substituir uma edificação anterior, a Casa do Concelho filipina, onde se integravam a muralha e a torre que defendia a Porta da Vila e o Arco da Cadeia. «O projeto, da autoria de João António de Aguiar, retoma o tema das arcarias térreas de granito e dos pináculos piramidais decorativos, presentes noutros imóveis do conjunto», lê-se na portaria, que também chama a atenção para o Salão Nobre e os painéis do pintor Lino António. Já o imóvel dos CTT, construído em 1946, corresponde à segunda fase do Plano Nacional de Modernização dos serviços postais do Estado Novo, resultando de um projeto-tipo do arquiteto Adelino Alves Nunes que foi adaptado ao plano geral da praça e dos restantes edifícios coevos. Finalmente, a Caixa Geral de Depósitos, inaugurada em 1952, segue «a mesma estética de sobriedade, solidez e revivalismo, com piso térreo revestido a cantaria, e aberto por arcaria de arcos redondos, em harmonia com a galeria dos Paços do Concelho, e vãos de tipologia seiscentista nos andares superiores».

Segundo a portaria, a classificação deste conjunto arquitetónico reflete os critérios constantes do artigo 17º da Lei nº 107/2001, de 8 de setembro, relativos «ao caráter matricial do bem, ao génio do respetivo criador, ao seu interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica e urbanística, e à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva».

O conjunto segue «a mesma estética de sobriedade, solidez e revivalismo», lê-se na portaria

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