Com a confusão instalada na Turismo da Serra da Estrela, até já há quem avance com a possibilidade de ser a Guarda a receber a sede da futura entidade. Uma hipótese que o autarca Joaquim Valente não descarta. «Se formos contactados, temos soluções para apresentar, edifícios de grande valor patrimonial para receber essa instituição. Estamos disponíveis para tudo», admite.
Contudo, o presidente da Câmara da Guarda diz que nada há «de concreto» nesse sentido e que é ao Governo que compete decidir sobre essas matérias. No entanto, O INTERIOR apurou que um dos espaços que poderá estar em cima da mesa para acolher a futura estrutura é o Solar Teles de Vasconcelos (edifício da antiga biblioteca). De resto, Jorge Patrão não poupa elogios ao presidente guardense, por ser «muito responsável e nunca ter perdido uma oportunidade destas para se reforçar», sublinha. O dirigente reitera que a decisão cabe ao Governo, mas admite: «Já que a Covilhã não quer, há que dar oportunidade a outros actores de acolher a sede, o que é pena, uma vez que a sede da RTSE está na Covilhã há mais de 50 anos». Carlos Pinto já escreveu ao secretário de Estado do Turismo a propor algumas mudanças aos estatutos, nomeadamente que a AG integre representantes não só dos municípios já previstos na lei, mas também de Penamacor. É sugerida, ainda, a inclusão de representantes «do Governo com tutela sobre o turismo, da CCDRC, da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo e da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo».
Carlos Pinto sem apoio
«Nunca me passou pela cabeça não integrar o novo Pólo Turístico», começa por dizer José Manuel Biscaia, autarca de Manteigas, quando confrontado com as declarações de Carlos Pinto. «Ninguém podia ter deliberado na última quarta-feira sem ouvir primeiro os respectivos executivos e numa reunião em que esse assunto nem constava da ordem de trabalhos», sublinha o edil.
Quem também se mostra surpreendido com a conferência de imprensa do presidente da Câmara da Covilhã é Júlio Sarmento, autarca de Trancoso. «Achei estranho, porque, antes, todas as decisões tinham sido concertadas. O normal seria que tivesse havido uma concertação prévia», defende. «O município de Trancoso sempre foi independente de políticas ou partidos. Estamos no Pólo Turístico, não estamos regimentados em nenhum movimento contestatário, nem vamos a reboque de atitudes voluntaristas», avisa, acrescentando que esta posição não significa que concorde com os estatutos. «Mas há que apelar à concertação, acatar o que for decidido e trabalhar em conjunto para encontrar as melhores estratégias», sugere.
Já Álvaro Amaro avisa logo: «Não deleguei em nenhum autarca para falar por mim». O presidente da Câmara de Gouveia considera que «estes estatutos são um chorrilho de asneiras» e esclarece que foi pedida uma reunião com o secretário de Estado. «Mas a resposta que nos deu foi a sua publicação, o que demonstra arrogância e prepotência», considera. Na Guarda, Joaquim Valente prefere distanciar-se da polémica e entende ser «natural» haver divergências. «E haverá sempre, porque é impossível construir uns estatutos que satisfaçam todas as entidades, por muitos esforços que se façam nesse sentido», afirma.
Rosa Ramos