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É urgente clarificar posições

Crónica Política

Muitos apregoam que nos últimos tempos tem havido ganhos reais no mundo do trabalho, importa desde logo salientar que os deputados do PS chumbaram várias propostas do PCP com vista à reposição dos dias de férias, quer para setor público e privado.

Enquanto enfermeiro e dirigente sindical do SEP/ CGTP-IN saliento que o MSU tem recebido a solidariedade e a participação ativa no contexto legislativo dos comunistas, saliento desde logo as propostas com vista a irradiar as sucessivas alterações à legislação laboral, estas pela mão do PS, PSD e CDS, efetivamente resultaram sempre em degradação dos direitos dos trabalhadores.

Novos instrumentos de desregulamentação dos horários de trabalho (adaptabilidade, bancos de horas individuais e grupais, horários concentrados, abuso do trabalho por turnos) foram impostos recuperando velhas conceções de desumanização do trabalho. Mais uma vez mereceu o chumbo dos deputados do PS, estes ao lado dos deputados do PSD e CDS.

Os horários de trabalho, a sua fixação, cumprimento e redução, designadamente das 35 horas de trabalho máximo semanal, para todos os trabalhadores independentemente do vínculo e setor, saliento a luta dos enfermeiros e do seu sindicato em torno desta matéria.

O respeito pelos tempos de descanso, as respetivas condições de pagamento e de compensação, a articulação com a vida familiar, pessoal e profissional continuam, pelas piores razões, a assumir uma enorme atualidade.

Mas há mais, horário de trabalho, a sua fixação e cumprimento, o respeito pelos tempos de descanso, as respetivas condições de pagamento e de compensação, e a sua articulação com a vida familiar, pessoal e profissional são matérias que assumem uma enorme atualidade. Nos dias de hoje, estas matérias representam mesmo, um dos alvos de maior ataque por parte do patronato e por consequência de mais firme e corajosa luta e reivindicação dos trabalhadores.

Há mais de 150 anos, a Associação Internacional dos Trabalhadores apresentou a reivindicação universal dos três 8x8x8 – oito horas de trabalho diário, oito para lazer, convívio familiar e cultura, oito para dormir e descansar – que esteve na base da criação de nova uma jornada de trabalho que constituiu o marco histórico de uma sociedade mais justa e socialmente saudável.

A este avanço civilizacional, o capital foi resistindo e respondendo com instrumentos ardilosos para tornear e afastar a lei, transformando todo o período normal de trabalho em tempo de trabalho efetivo, eliminando pausas, inventando as mais diversas “flexibilizações” e aumentando por esta via a intensidade e ritmos de trabalho.

Trabalhando por turnos quero salientar que o trabalho diurno é o trabalho adequado ao ser humano, e que o trabalho noturno, de uma maneira geral, é causa de graves danos. Porque o organismo funciona em estado de desativação, investigações científicas mostraram já que o trabalho noturno exige um esforço suplementar; que o sono em estado de reativação diurna é um sono mais curto (cerca de 2 ou 3 horas a menos do que o sono de noite) e de uma qualidade menor; e que o trabalho noturno provoca perturbações de sono, vigílias frequentes e outras perturbações neuro-psíquicas, irritabilidade agressividade, esgotamentos, astenia, tendências depressivas.

Para quando as opções claras dos deputados do PS ao lado de quem trabalha?

Por: Honorato Robalo

* Membro do executivo da DORG do PCP

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