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E se…

E se… E se há um ano o presidente tivesse indicado o seu natural sucessor à Câmara da Guarda? E se os dois candidatos do PS se tivessem entendido? E se a candidatura de um grupo de cidadãos da Guarda não tivesse perdido na secretaria? E se o candidato do PS à câmara estivesse, ele próprio, convicto do que queria para a Guarda? E se o povo não estivesse tão farto de quase 40 anos de PS a gerir os seus destinos? E se a candidatura desse grupo de cidadãos tivesse ido a votos? E se a lei de limitação de mandatos tivesse sido aplicada para o efeito que inicialmente foi criada? E se os deputados não fossem tão incompetentes? E se o Relvas tivesse ido estudar em vez de assassinar a identidade de um sem número de freguesias? E se o candidato do PS tivesse tido a inteligência política de perceber que estava a dar um tiro nos pés ao impugnar a candidatura de “A Guarda Primeiro”? E se não tivéssemos tão bom ar? E se nós não amássemos tanto esta nossa Feia cidade? E se nós achássemos, mesmo, que a Fria tem futuro para os nossos filhos? E se não estivéssemos tão fartos da tão pouco Farta? E se os nossos governos cuidassem da nossa fraca Forte? E se não fossemos tão infiéis à Fiel? E se o candidato de Gouveia, eleito presidente, que não é de Gouveia mas de Coimbra, estiver disposto a ser da Guarda sem pensar mais na outra? E se eu parasse de fazer perguntas?

A tempestade eleitoral perfeita que se abateu sobre a cidade foi o grito do Ipiranga de um concelho parado no tempo. Os mais de 30% de cidadãos, apoiantes da candidatura impedida, eclesiasticamente, de ir a votos responderam com uma imensidão de votos nulos ou no PSD, matando o tirano político que acreditava que, ao fazê-lo, faria os bons filhos à casa voltar. Cabral é apenas uma vítima apanhada na tempestade perfeita; João e Álvaro foram os MacNamaras desta, gerada por um fraco Neptuno, mas ampliada por um Constitucional tufão e, em grande estilo, chegaram à praia, provavelmente surpreendidos com o seu próprio desempenho.

Disse, e repito, que, atendendo às circunstâncias, Igreja foi derrotado assim que venceu as diretas. Incinerou todos os pesos-pesados do PS da cidade na esperança de cortar com o passado, não os levando nem para a sua lista à Câmara nem para a futura Junta da Guarda. O seu ato de desespero foi a impugnação da candidatura independente encabeçada pelo seu rival, mas também foi o seu canto do cisne. No dia fatídico em que mais de três mil cidadãos souberam que ficariam órfãos de candidatura (tantos quantas as assinaturas recolhidas e validadas em primeira instância pela juíza do Tribunal da Guarda), Igreja assinou o seu atestado de óbito político e Amaro iniciou os festejos sem ter ainda, sequer, ido a votos.

Simpatias políticas à parte, é chegada a hora de nos unirmos. Estamos todos a torcer para que Amaro e João façam o melhor que sabem e podem e que a oposição PS não faça o que alguma oposição PSD andou a fazer durante décadas, olhando para o seu umbigo e NUNCA se interessando, verdadeiramente, pelo sucesso da cidade e dos seus habitantes.

Não desejamos grandes obras, nem foguetório, nem medidas populistas, nem provas internacionais de downhill urbano, nada disso. Desejamos uma gestão cuidadosa das depauperadas finanças camarárias. Desejamos que os pequenos problemas quotidianos se resolvam rapidamente, pois isso não custa muito. Não queremos saber se é amigo íntimo do Passos, porque já fomos enganados por outras alegadas amizades íntimas. Queremos uma equipa que trate como reis os nossos empresários e futuros investidores. Que seja criada a figura do “agent de liaison” entre a Câmara e as entidades que venham gerar emprego no concelho. Uma autarquia que estenda a passadeira vermelha, que receba à havaiana, que trate à tibetana, que licencie na hora, porque a Guarda está “ligada à máquina”. Mas isto sou eu a falar, que não percebo nada de política.

Por: José Carlos Lopes

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