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«É preciso muita força para praticar futsal feminino no distrito»

Cara a Cara – Entrevista

P-O Estrela do Zêzere voltou a não conseguir ganhar a desejada Taça. O que falhou?

R-Sobretudo a concentração na primeira parte do jogo, tem sido a nossa maior falha. Não conseguimos controlar a ansiedade e isso prejudica-nos. No estádio da Luz sofremos três golos na primeira-mão e aqui voltamos a perder por causa da primeira parte. É esse o problema, porque nesse período nunca conseguimos jogar com um bom nível.

P-O que mudou então na segunda parte do jogo?

R-Não tínhamos nada a perder. Ou queríamos ganhar ou não. O problema é que o Benfica é muito forte a finalizar e essa é a grande diferença, porque, no jogo em si, não foram muito superiores.

P-Acreditavam que podiam conquistar o título de campeãs nacionais este ano?

R-Claro que sim, só que na primeira mão, em Lisboa, entramos mal, sofremos três golos na primeira parte e perdemos o jogo por 5-2. Poderíamos ter dado a volta ao resultado, quando estávamos 3-1, mas não conseguimos concretizar quatro livres de 10 metros. Em todo o jogo tivemos sete livres de 10 metros, mas só conseguimos marcar um golo. Estas coisas ditam o campeão. Estávamos convictos de que este ano poderia ser o da conquista, mas o Benfica também tinha as mesmas motivações. Estiveram melhor do que nós e, por isso, apenas posso dar-lhes os parabéns.

P-Foi convidada para jogar em Espanha. Porque recusou o convite?

R-Fui convidada, de facto, por duas equipas. Uma era profissional e as condições eram excelentes e tentadoras, mas queria ser campeã aqui e não em Espanha. Preferi ficar e tentar o título pelo Estrela do Zêzere, infelizmente não conseguimos esse objectivo. Além disso, tinha outras perspectivas profissionais e vou entrar agora noutra fase da minha vida. Para mim, o futsal é apenas um “hobbie”, algo em que me divirto, e não queria entrar no profissionalismo, até porque é uma área muito difícil e não se ganha o suficiente para deixar uma vida e andar a correr atrás de uma bola. No próximo mês vou integrar o curso de praças da GNR e, na altura em que me fizeram o convite, estava a fazer os testes. Fui aprovada e vou tentar entrar para a GNR. Isso é uma coisa para a vida, o futsal não.

P-O Estrela do Zêzere poderá contar consigo na próxima época?

R-Se puder continuar a praticar desporto, com certeza que sim.

P-Actualmente, é a única atleta internacional do Estrela do Zêzere.

R-Neste momento a selecção está parada, mas se estivesse em actividade haveria outras atletas do clube a fazerem parte da selecção nacional. Temos grandes jogadoras.

P-O campeonato distrital com quatro equipas prejudica o Estrela do Zêzere?

R-Concerteza que sim. Temos um distrital a quatro voltas, é aborrecido e não há motivação nem oportunidade para aprendermos coisas novas. Se não fosse o verdadeiro gosto pela modalidade, penso que muitas atletas já teriam desistido. É preciso ter uma força enorme para continuar a praticar futsal feminino no distrito.

P-O que falta no distrito de Castelo Branco para haver mais competitividade e mais equipas?

R- A melhor forma seria o campeonato nacional e aí só entrariam as melhores equipas de cada distrito. Isso seria, sem dúvida, mais vantajoso para a modalidade e até para as próprias colectividades. Mas isso não acontece porque a Federação não tem vontade.

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