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É preciso abrir (mesmo) a escola

Pais na escola, pais em casa

É possível ter os encarregados de educação (EE) mais vezes na escola? É possível os pais serem melhores encarregados de educação em casa? A estas duas perguntas a generalidade das pessoas responderá que sim.

Segundo os professores que consultámos, a presença de pais na escola é ainda insuficiente, havendo no entanto turmas (sobretudo do 3º Ciclo) em que praticamente todos os pais já vieram à escola. Por outro lado, no ensino secundário, a vinda à escola é reduzida e a dificuldade de intervenção sobre os filhos é maior. Segundo os mesmos professores, às vezes os pais desconhecem que é tão importante vir à escola para trazer informações como para as obter. Uma informação sobre hábitos e comportamentos de estudo ou sobre a reação a um teste pode ajudar muito o Diretor de Turma (DT) e o professor da disciplina, do mesmo modo que a compreensão daquilo em que um aluno falha na escola pode ajudar o EE a ter uma estratégia em casa. É portanto útil trazer os pais à escola e recebê-los como “parceiros” da educação do aluno.

Como é que podemos trazer mais pais à escola? Facilitando-lhes a vinda à escola, mostrando-lhes que são importantes e dando-lhes materiais a conhecer. Assim, aqui ficam algumas sugestões que fomos ouvindo a pais e professores, algumas delas polémicas: um horário mais alargado de atendimento dos diretores de turma (DT) já que 45 minutos é muito pouco; marcação de horas de atendimento ao fim da tarde; acesso livre on-line a documentação sobre os programas das disciplinas e sobre critérios de avaliação em linguagem acessível, nomeadamente na página da escola; contactos entre DT e EE por e-mail e telefone; existência de uma sala para a Associação de Pais; várias reuniões de DT com pais para além das reuniões burocráticas do início do ano (eleição de representantes). Cada uma destas sugestões merece uma discussão mas trata-se de sugestões positivas.

E em casa, o que podem fazer os pais? Os DT e professores tendem a considerar que os pais estão progressivamente menos interventivos e que o deviam ser mais, facilitando a vida aos professores. O passa-culpas é recíproco. Os professores apontam alguma permissividade dos pais, os pais apontam a pouca orientação dos professores para os alunos melhorarem e alguma insensibilidade aos casos pessoais. O que podem fazer os pais em casa? Em primeiro lugar, ir perguntando todos os dias pelo processo de ensino-aprendizagem; controlar melhor os horários de estudo; depois castigar e premiar quando seja o caso; controlar as horas de sono; vigiar se os jovens estudam com computador e telemóvel; controlar as horas de televisão; servir de ombro para chorar ou de voz de encorajamento nos momentos difíceis mas não ir em queixinhas ou choradinhos; em síntese, ser exigente.

Pelo que alguns pais e professores nos disseram, é “pedir muito” aos pais. Hoje os jovens têm muita força e convicção e dificilmente os pais desfazem (pelo menos no Ensino Secundário) o que a idade foi construindo. A intervir, teria sido antes. Mas quem não semeia não colhe.

É preciso abrir (mesmo) a escola

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