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E o Brasil aqui tão perto

Interactividade e novas tecnologias fazem viver os Descobrimentos no novo museu de Belmonte

Experimentar uma viagem em alto mar sem sair de terra é um dos muitos segredos do primeiro museu português dedicado aos Descobrimentos, inaugurado no último domingo em Belmonte. Os sentidos dos visitantes são literalmente testados nesta quinta sala, onde o oceano enche um ecrã de 180 graus. O objectivo é sentir aquilo que terão vivido os marinheiros de Pedro Alvares Cabral na grande travessia transatlântica rumo ao Brasil, descoberto em 1500. No entanto, a experiência pode não ser muito aconselhável a quem enjoar com facilidade tal o realismo da projecção.

Mas o surpreendente Centro de Interpretação “À Descoberta do Novo Mundo” tem mais surpresas guardadas nas 16 salas que constituem esta viagem pela grande epopeia portuguesa. Integrado no remodelado Solar dos Cabrais, no centro da vila, o museu aposta na interactividade e nas novas tecnologias para evocar, em termos visuais, sensitivos e sonoros, os Descobrimentos e a viagem do achador do Brasil. Neste projecto único em Portugal, que custou cerca de 2,5 milhões de euros, foi usado o último grito da tecnologia multimédia em museografia e o resultado é verdadeiramente empolgante. A exposição aborda a história dos Descobrimentos, enquanto elemento unificador dos Novos Mundos, a viagem de Pedro Alvares Cabral, a chegada ao Brasil, o desenvolvimento e a construção da nação irmã, os seus ícones e a Portugalidade. A opção expositiva agradou ao ministro da Cultura, a quem coube a primeira visita a um museu que classificou de «cosmopolita, sério, extraordinário e rigorosamente feito».

José António Pinto Ribeiro desafiou depois a população e as escolas de todo o país a «invadirem» o espaço. «Usem este museu de uma forma viva, é esse o objectivo que se segue», declarou aos jornalistas, adiantando que, mesmo assim, Portugal ainda precisa de um grande museu das Descobertas. «Acho que faz falta um espaço explicativo da viagem e da globalização portuguesa, daquilo que fizemos, como fizemos e do que ficou», sustentou, revelando já haver espaço e projectos. «Não tenho dúvidas que, proximamente, surgirá esse grande museu, que muita gente diz fazer falta e que deveria existir. Mas é preciso reunir força e capacidade para o fazer e depressa», acrescentou Pinto Ribeiro. Até lá, entre 9 de Julho e final de Outubro, o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, vai acolher a exposição “Encompassing The Globe”, sobre Portugal e o Mundo nos Séculos XVI e XVII, que esteve patente em Washington e Bruxelas. «Penso que será o ponto de partida para o projecto do grande Museu das Descobertas», acrescentou o governante.

Por sua vez, o presidente do município considerou que o novo espaço é «um monumento às relações luso-brasileiras, mas que honra também a nossa história». Para Amândio Melo, a abertura do quinto equipamento da rede municipal de museus significa «o fim de um ciclo, que agora se fecha com chave de ouro». O Museu dos Descobrimentos funciona em horário de expediente e encerra às segundas-feiras. Os ingressos custam cinco euros, mas por 7,5 euros pode visitar os cinco museus da Aldeia Histórica: o Ecomuseu do Zêzere, o Museu Judaico, o Museu do Azeite, a Igreja de Santiago e o Centro de Interpretação “À Descoberta do Novo Mundo”, que está fechado amanhã devido ao 1º de Maio.

Luis Martins A sala da viagem transatlântica é das mais surpreendentes do centro de interpretação “À Descoberta do Novo Mundo”

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