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Dos miasmas às bactérias infeciosas

Mitocôndrias e Quasares

Até ao século XIX, doenças como a lepra, a tuberculose, a difteria e a malária explicavam-se devido a “miasmas” (matérias em decomposição) ou quando não se encontravam causas aparentes, a fenómenos sobrenaturais. Contudo, já em 1867 dois alunos do médico italiano Francesco Redi tinham descoberto que a sarna, uma doença de pele, era causada por um minúsculo ácaro, mas esta descoberta não tinha modificado as explicações correntes de outras doenças. Em 1976, o médico inglês Edwar Jenner (1749-1823) descobriu o princípio da vacinação, ao mostrar que um extrato das pústulas causadas por uma doença bovina protegia os seres humanos contra a varíola. Em 1850, o médico francês Casimir Davaine (1812-1882) demonstrou a responsabilidade de uma bactéria, um tipo de microrganismo que tinha sido observado e descrito em 1673 por Antoine Van Leeuwenhoek, na doença dita “do carvão”, uma doença infecciosa corrente nessa época. O papel da bactéria foi confirmado e explicitado em 1876 por Pasteur e pelo médico e bacteriologista alemão Robert Koch (1843-1910). Em seguida foram identificadas bastante rapidamente outras numerosas bactérias.

As bactérias são organismos relativamente simples que se multiplicam em grandes quantidades e em pouco tempo mediante duplicação por fusão binária, processo no qual a célula-mãe se divide em duas células filhas iguais. Estas podem ser definidas como seres unicelulares procariotas, ou seja, seres vivos formados por uma única célula sem núcleo. Existe grande variedade de formas, entre as quais encontramos bastões (bacilos), esferas (cocos) e estruturas helicoidais (espirilos), todas do tamanho que oscilam entre 0,5 e 5 micrómetros.

Em função do tipo de nutrição, existem bactérias heterotróficas e autotróficas. As bactérias heterotróficas alimentam-se de moléculas produzidas por outros seres vivos. Já as autotróficas produzem substâncias orgânicas a partir de substâncias inorgânicas. Dentro desta última categoria muitas são fotossintéticas, dado que fabricam matéria orgânica utilizando a luz solar, outras são quimiossintéticas, uma vez que utilizam a energia de reações químicas de substâncias inorgânicas presentes em rochas. A classificação das bactérias é difícil dado que o seu aspeto ao microscópio não é suficiente para estabelecer uma caracterização. É necessário estudar a composição química, modo de vida, material genético, entre outros.

A partir destes aspetos, distinguem-se dois tipos principais de bactérias: arqueobactérias e as eubactérias.

As arqueobactérias estão presentes em todo o tipo de ambientes inóspitos, como água salgada, nascentes de água em ebulição, ambientes ricos em ácido sulfúrico ou locais sem oxigénio, nos quais é produzido gás metano. Já as eubactérias, onde se incluem a maioria das bactérias, estão presentes em todo o tipo de meios; no solo, no ar, na água e, inclusivamente, no interior de outros seres vivos, por vezes, colaborando com estes e, outras, causando-lhes doenças.

As bactérias são bastante resistentes, se o habitat lhes for desfavorável, algumas bactérias contam com um mecanismos alternativo de persistência e geram endósporos. Estas estruturas são células desidratadas em estado de latência, o que lhes permite perdurar em ambientes pouco propícios durante períodos prolongados. Quando o meio ambiente volta a ser adequado, começa um processo de germinação com o qual se renovam os processos metabólicos. As bactérias são importantes porque nos permitem olhar para o passado, um passado longínquo de 3500 milhões de anos.

Por: António Costa

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