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Dona São guarda segredo das Cavacas de Pinhel

Feito de uma forma totalmente artesanal, o doce típico impressiona pelo seu tamanho

«São diferentes de todas as outras». Quem o diz com conhecimento de causa é Maria da Conceição Dias que já faz Cavacas de Pinhel há mais de 30 anos.

Estas são feitas de uma forma totalmente artesanal e impressionam pelo seu tamanho, não apresentando uma forma “em concha” como é mais comum. Dona São, como é popularmente conhecida, aprendeu a “arte” com uma tia que foi criada com uns descendentes do último rei de Portugal, D. Manuel II, que viveram em Souropires. A receita é «muito antiga» e reza a história que foi herdada das freiras carmelitas que residiram em Pinhel, conta a “especialista” neste doce que se dedicou a «esta tarde desde que precisei de começar a trabalhar» e «como ninguém as fazia em Pinhel, depois de a única pessoa que as fazia ter morrido, eu decidi começar a fazê-las», diz-nos enquanto “pinta” dezenas delas que saíram do forno há minutos. Como o segredo é a “alma do negócio”, Dona São avisa logo que não o revela. Assim, acede apenas a indicar que as suas deliciosas Cavacas são feitas de ovos, farinha e um «preparado», o tal «segredo» bem guardado».

Nada de açúcar, nem fermento, o que faz das Cavacas um produto «completamente natural». Depois de irem ao forno, as Cavacas são, depois de arrefecerem, ornamentadas com um «“glacé”» feito com açúcar em pó e claras pasteurizadas. Dona São indica que as Cavacas acompanham bem com queijo, vinho de Pinhel ou uma ginjinha, assegurando que não tem uma média de quantas faz por mês, uma vez que varia muito consoante a procura. Os “picos” na produção costumam verificar-se por altura da Feira das Tradições em Pinhel e no verão, quando se realizam muitos «casamentos» e os emigrantes gostam de comprar. Dona São costuma ter as suas Cavacas à venda nas feiras medievais da região, desde Penedono até Freixo de Espada à Cinta, passando por Manteigas, Belmonte, Teixoso ou Almeida. A responsável garante que as Cavacas não são «um produto que tenha que se comer fresco», aguentando, no inverno, «bem oito dias nas caixinhas».

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