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Divorciado: estás tramado e taxado

Os factos são estes: primeiro facilitaram o divórcio e apregoaram uma vitória ideológica como se a vida “cá fora” fosse mais fácil. Em simultâneo cozinharam à socapa um agravamento do IRS para os divorciados. Como se estes, afinal, merecessem ser “castigados” em relação aos casados. A Oposição foi a última a saber, como é da praxe.

Mas o divorciado é tendencialmente um novo-pobre. E se não for ajudado tende a tornar-se num pobre diabo. Precisa é de apoio e de reinserção social.

Vou usar aqui um exemplo masculino estereotipado. Constato a chegada ao mercado de dezenas de divorciados, perfeitamente perdidos e desestruturados, entre a euforia infantilóide e o chapinhar na sarjeta, largados a si próprios após uma década de protecção da mulher, e antecedidos de 25 anos de mãezinha. As Finanças deviam ter em conta que os gastos mensais destes ineptos vão no mínimo duplicar.

Esqueçamos o apartamento a alugar e as despesas associadas (sem contar as pensões de alimentos que ficaram da ex-vida). Em causa está o investimento necessário que cada um terá que fazer no “upgrade” básico nele próprio para se tornar num indivíduo compatível com 2009, integrável no século XXI. E isso custa dinheiro. E os bancos já não emprestam para o “tunning”: falta de cabelos, de dentes, barriga flácida. E um grande número está prestes a receber um violentíssimo murro no estômago dilatado.

(É certo que alguns se divorciaram por excesso de companhia. Deixemos esses seguir para outro final infeliz.)

Antes do divórcio o plano parecia perfeito: inscrever-se no ginásio, perder uns quilos, comprar uma roupinha “alpha macho power”. Mas custa tempo e dinheiro. Recomeçar, ganhar confiança, um estilo, não entrar num dominó de gafes ou dar o passo fatal do não se embebedar de forma humilhante num hipotético jantar a dois, aprender a não ser um chato.

Para mais, o indivíduo não pode aplicar a totalidade do auto-investimento na fase 1 – “lagarta badocha”. Este Eu está pesado, confuso e muitas vezes deprimido. Basta ver “o primeiro dia do divorciado” no ginásio. Topa-se a milhas. É o fulano que tem o equipamento todo novo e comprou meias até meio da canela e não sabe andar com os ténis que actualmente têm amortecedores nos calcanhares. Sim, parece estranho, mas em uma década a “roupa de ginástica” mudou.

Nesta fase de busca de novo paradigma existencial (até quer “sair”, vejam lá!) há obviamente que ter uma estratégia de compras, por etapas, tendo em conta o orçamento e a necessidade de formar um estilo/personalidade. Este já parece um pouco conselho de mulher. Mas leia com atenção: “Homem livre” é isto. Uma chatice sem glamour e uma retórica imensa. A novidade não é só pagar a luz, lavar a louça e ficar sozinho a “zappar” à noite. São as bainhas das calças, comprar roupa interior, gerir a empregada, criar uma zona do cérebro nova para o recado doméstico. Seja um homem e faça-o com uma birrinha mas com um “rationale”.

Com este dinheiro todo gasto ainda nem está perto de um encontro amoroso. E nem sabe como. Nem onde. É tramado… E sim, em muitos aspectos, as estratégias do romance são como as peúgas do ginásio: mudaram bastante na última década. Mas já dizia Zsa Zsa Gabor, perita em sete divórcios: “Uma mulher só conhece verdadeiramente um homem quando se divorcia dele.”

Ex-vida Escolher o advogado depressa de mais, não saber que despesas têm, falar de mais com a ex-mulher, estes são alguns dos “dez erros mais estúpidos” que um homem comete na fase do divórcio elaborados por Rick Ortiz, editor do DadsDivorce.com. É ver em www.asylum.com

Estratégias Se já está em casa a olhar para o tecto vá metendo o seu perfil no facebook, Hi5, inicie um blogue. O que não falta são fóruns e clubes de divorciados. A questão é se quer ser conhecido pelo seu estado civil e pelas tretas que prega on-line.

Alpha macho Eis um divorciado de sucesso sem neuras nem hesitações! Consta na lista dos mais elegantes do ano do “El Mundo”(!). O arzinho Sócrates é muito próprio e bate qualquer Jude Law. E para mais, auto-sacrificou-se: quando aumentou o IRS estava afinal a taxar-se a si próprio.

Por: Luís Pedro Nunes

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