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Dívida da Câmara da Covilhã divide opiniões

CDU e PS referem montante de 91 milhões de euros, enquanto o executivo camarário alude a mais de 79 milhões

As contas de gerência e actividades da Câmara e dos Serviços Municipalizados (SMS) da Covilhã em 2004 foram aprovadas na última Assembleia Municipal com os votos favoráveis do PSD, sendo que a oposição votou contra. No entanto, e à semelhança do que aconteceu em relação a 2003, o valor da dívida voltou a ter leituras diferentes. Enquanto que para a oposição (PS e CDU) o passivo se situa nos 91 milhões de euros, para a maioria social-democrata a dívida é de apenas 79,7 milhões após subtrair o montante devido pelos SMAS (7,3 milhões) e o endividamento de 5,28 milhões contraídos pelo executivo PS no mandato de Jorge Pombo (1994-1997).

No entanto, os inúmeros «exercícios aritméticos» efectuados pelo vereador Luís Barreiros, responsável pelas Finanças da autarquia, não convenceram a oposição, para quem a Câmara apresenta em 2004 a «pior gestão de sempre». «É a pior taxa de execução do plano (18,2 por cento), da receita (27,69) e da despesa (28,93)», frisou o comunista Jorge Fael, para quem fez-se «muito pouco» face a uma dívida que está «constantemente a subir». A preocupação da oposição agrava-se ainda ao verificar que a capacidade de endividamento está esgotada ao passar de 63 em 2003 para 83 por cento no ano passado, sendo que a Covilhã é um dos municípios «impedido de aceder ao crédito» em 2005. «O nosso futuro colectivo está seriamente ameaçado dados os compromissos financeiros já assumidos pela actual maioria PSD», alertou por sua vez Artur Meireles, líder da bancada do PS, ao lembrar os 42 milhões de euros devidos ao banco. O socialista avisa mesmo que a autarquia terá uma «fase crítica» entre 2006 e 2014, altura em que terminam os períodos de carência dos 15 empréstimos contraídos nos últimos oito anos, além de que considera «difícil aumentar as receitas próprias».

Luís Barreiros discorda e garante que o município apresenta uma «situação saudável», pois só a Câmara, excluindo os SMAS, possui um «imobilizado no valor de 213 milhões de euros», valor que cresceu 11 milhões em 2004. E não se mostra preocupado com os 83 por cento de capacidade de endividamento por acreditar que o actual Governo «deverá acabar dentro de meio ano com estas limitações das autarquias», impostas pela ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite. «Sem essas restrições, a Câmara tem apenas utilizada 41 por cento da sua capacidade de endividamento», defendeu. Em resposta à oposição, «que apenas conhece a tecla da dívida e da taxa de execução», Luís Barreiros recordou que o recurso à banca aconteceu «para fazer obra», tendo comparado com a taxa de execução do PS no mandato de Jorge Pombo (1994-1997). Altura em que desafiou Artur Meireles a apontar uma «única obra feita nesse período» para justificar o endividamento de mais de cinco milhões de euros. «O nosso saldo é francamente positivo» considerou o vereador, aludindo a um investimento de 81 milhões de euros em oito anos «para desenvolver o concelho».

Liliana Correia

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