Durante a Fase Charlie, a mais crítica em termos de fogos florestais, o distrito da Guarda vai ter este ano, em permanência, 606 elementos, 131 veículos, 14 motos e três helicópteros, o que significa um ligeiro reforço em relação a 2008. Na apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), na última sexta-feira, dia em que teve início a Fase Bravo, foi ainda apresentada a Comissão Distrital de Defesa da Floresta Contra Incêndios.
Até 30 de Junho, quando termina o primeiro período de combate a fogos, estarão no terreno um total de 423 elementos – entre bombeiros, militares da GNR, agentes da PSP, de autarquias, da Autoridade Florestal Nacional, sapadores florestais e elementos do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade – mais 96 veículos, 14 motos e um helicóptero bombardeiro ligeiro, que ficará estacionado na helipista da Guarda. Já na fase Charlie, a que envolve mais homens e meios entre 1 de Julho e 30 de Setembro, «as condições meteorológicas são mais adversas, a floresta é mais vulnerável», logo o risco de incêndio é «mais elevado», pelo que o contingente será reforçado consideravelmente. Estes meios «podem ainda ser aumentados pontualmente com todos os meios não afectos ao dispositivo e ainda disponíveis nos corpos de bombeiros, num efectivo de voluntários que ultrapassa os 1.500 elementos», explicou o comandante operacional distrital (CODIS).
António Fonseca realçou que a área florestal do distrito concentra-se «sobretudo nas áreas classificadas da Reserva Natural da Serra da Malcata, do Parque Natural da Serra da Estrela e no município de Aguiar da Beira, sendo a espécie dominante o pinheiro bravo, com 56 por cento da área florestal». É nessas áreas que existe «maior vulnerabilidade e maior risco de incêndios», referiu, prometendo «assegurar a mobilização, prontidão e empenhamento de meios tendo em vista um elevado nível de eficácia no combate aos fogos». Na sua opinião, o DECIF garante «em permanência a resposta operacional adequada e articulada, em conformidade com os graus de gravidade e probabilidade de ocorrência de incêndios florestais». Já o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda (FDBG) assegurou que «o dispositivo está pronto, actuante e preocupado por aquilo que poderá ser esta época de incêndios».
«Esperamos que sejam ocorrências bem menos graves do que aquelas que esperam os 23 comandantes», disse Gil Barreiros, que no final da cerimónia explicou os motivos da sua preocupação: «A estatística diz-nos que estão conjugadas duas situações que costumam ser de aumento de incêndios. Primeiro, é um ano de eleições, não se sabe bem porquê, mas há sempre mais ocorrências. Por outro lado, de cinco em cinco anos, também não se sabe porquê, o quinto ano é pior e este é um desses anos», indicou. Na mesma sessão foram empossados os elementos da Comissão Distrital de Defesa da Floresta Contra Incêndios, presidida pela Governadora Civil. Maria do Carmo Borges valorizou o aparecimento desta entidade que tem por objectivo promover a defesa da floresta.
«Além de darem muito trabalho, os fogos florestais consomem muitas verbas e numa altura de contenção temos de estar todos unidos no combate aos incêndios», declarou, acrescentando que se pouparia «muito dinheiro» se se apostasse mais na prevenção. «Se os privados não fazem [limpeza], temos de dar um exemplo de como podemos fazer bem e melhor. Só com uma boa prevenção poderemos dar algum descanso e ter o combate mais facilitado», reforçou. A Governadora apelou ainda a «todas as Câmaras Municipais» para «terem equipas permanentes de bombeiros disponíveis para actuarem logo num primeiro momento».
Ricardo Cordeiro