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Discussão acesa na Assembleia da “Mutualista Covilhanense”

Insultos entre antigos dirigentes quase atingiu confronto físico

Aquela que foi a primeira assembleia-geral com Carlos Casteleiro à frente da Associação de Socorros Mútuos “Mutualista Covilhanense” quase ia terminando em pancada. Carlos Mineiro e Ramiro Reis, dois dos antigos presidentes daquela instituição, acusaram-se mutuamente e só não houve confronto físico devido à intervenção de alguns dos presentes e ao abandono da reunião pelo segundo.

Tudo começou quando Ramiro Reis acusou Mineiro de ter introduzido «facturas falsas» na contabilidade da associação para justificar algumas despesas. Carlos Mineiro (presidente da direcção entre 2001 e 2003) logo se insurgiu em sua direcção, tendo sido travado por alguns sócios. Apesar de Ramiro Reis ter abandonado a sala, os ânimos continuaram bastante exaltados, ao ponto de Carlos Mineiro afirmar que «foi vítima de um linchamento político, com o apoio da Câmara da Covilhã», referindo-se concretamente ao adjunto do presidente da edilidade, Francisco Moreira. «Foi do gabinete desse senhor que foram feitas as diligências para ser feita uma inspecção pela Segurança Social», acusou. De resto, o ex-presidente confirmou ter pedido a alguns empresários «que trabalhavam com a associação» para passarem algumas facturas para justificar alguns «papéis sem valor legal». Esta foi, salienta, a forma encontrada para justificar algumas «remunerações sem recibos», de modo a serem aceites pela contabilidade. «Não se tratam de facturas falsas, mas de substitutos de papéis sem qualquer valor legal», reforça, acrescentando que as facturas «foram lançadas na contabilidade desses empresários e que o IVA foi pago». Além disso, «toda a documentação referente às facturas estava apensa», sublinhou Carlos Mineiro. E, a seu ver, quem cometeu ilegalidades foi Ramiro Reis ao «falsificar a assinatura de dois membros da mesa da assembleia-geral», em 2001, de forma a validar uma acta para a contracção de um empréstimo de 82 mil euros à Caixa Geral de Depósitos (CGD) para a construção do Centro de Apoio ao Idoso. «Não foi convocada nem nunca aconteceu nenhuma Assembleia-Geral para deliberar sobre esse empréstimo», apontou.

Acusação rejeitada, entretanto, por Ramiro Reis. «A Assembleia existiu e a acta foi correctamente ratificada. A única coisa que não existiu foi o anúncio da convocatória na comunicação social, tendo apenas havido a sua colocação na sede», explicou aos jornalistas, negando ter falsificado qualquer assinatura. E atira: «A única pessoa que falsificou documentos naquela associação foi o Carlos Mineiro. Para além das facturas, falsificou e introduziu sócios no lugar de alguns que já tinham falecido» para obterem as regalias de antiguidade, afirmando mesmo aos jornalistas «existirem provas» no Ministério Público sobre as irregularidades cometidas na direcção de Carlos Mineiro. «Quando isso for julgado em Tribunal, a verdade virá ao de cima», avalia.

Acordo com Constrope aprovado

A assembleia-geral de sócios da Mutualista aprovou ainda, na última sexta-feira, um acordo com a empresa de construções Constrope. Recorde-se que a empresa tinha movido um processo judicial contra a associação por falta de pagamento das dívidas referentes à construção do Centro de Apoio ao Idoso. Assim, os 58.274 mil euros que a “Mutualista” deve à construtora serão pagos em 24 prestações mensais, sem juros, sendo que uma das prestações será «oferecida» pela empresa. Segundo Carlos Casteleiro, este foi «um bom acordo», considerando que a associação saiu «dignificada». Opinião diferente tem Ramiro Reis, pois além de ter havido «trabalhos a mais na ordem dos 70 por cento», a Constrope tem em falta com a instituição obras no valor de 41 mil euros.

Liliana Correia

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