Arquivo

Directora de Radiologia volta atrás

Graça Simões pediu anulação da licença sem vencimento e vai manter-se à frente do serviço no Sousa Martins

A directora do serviço de Radiologia do Hospital Sousa Martins apresentou na semana passada um pedido de anulação da licença sem vencimento de longa duração e vai manter-se à frente daquele sector quando regressar de férias. Graça Simões terá reconsiderado a sua posição, após nova reunião com o Conselho de Administração, numa altura em que a sua solicitação ainda não tinha sido deferida. Um volte-face que deverá serenar os ânimos no hospital e colocar um ponto final no caso da Radiologia, tendo já sido comunicado ao primeiro signatário do pedido de esclarecimento da situação naquele serviço.

Há uma semana atrás, Isabel Garção, directora do Sousa Martins, explicou a João Correia a sua versão dos acontecimentos, nomeadamente os diferentes pontos de vista defendidos pelo CA e a directora do serviço em relação à entrada em funcionamento do aparelho de Tomografia Axial Computorizada. «Graça Simões propunha atrasar a abertura do TAC para meados de Setembro, nós pretendíamos ter o equipamento a funcionar em velocidade de cruzeiro até finais desse mês», conta Garção, sublinhando que, a certa altura, o CA «cansou-se» do diálogo e da «falta de argumentos plausíveis» da directora de serviço para explicar a sua opção e escolheu Salomé Araújo, a nova radiologista, como «interlocutora» neste processo. «Se o CA não tivesse tomado esta decisão o TAC ainda não estava em funcionamento nesta altura», garante a directora do hospital. Até porque a médica e mais três técnicos começaram a treinar em Julho e já fazem alguns exames simples, enquanto Graça Simões – esposa do sócio-gerente de um centro privado de diagnóstico onde o Sousa Martins contrata todos os serviços de exames – «nunca se mostrou interessada em acompanhar estes trabalhos», indica, recordando que a médica «não pode gerir o seu serviço como se de uma unidade privada se tratasse, devendo antes concretizar, na medida do possível, as linhas de orientação estipuladas pelo CA. O que neste caso significava não ter o TAC parado por mais tempo», explica. Isabel Garção conta ainda que o equipamento está a funcionar desde 14 de Julho e tem realizado uma média de sete a oito TAC por dia, esperando iniciar a transmissão digital de imagens para os serviços a partir de Novembro e ficar em rede com outros serviços do país nos meses seguintes.

«Nós esgotámos até ao fim a hipótese de Graça Simões “agarrar” o equipamento e começar a trabalhar, até porque não queríamos nem estamos em condições de perder ninguém, sobretudo quando se trata de uma excelente técnica que faz falta a qualquer serviço de radiologia do país», refere a directora do Sousa Martins, recordando, contudo, ser já «inexplicável» que material que custou 150 mil contos continuasse por utilizar. Até porque se espera que o TAC possa permitir poupar grande parte dos 67 mil contos que o hospital gasta anualmente em exames externos e ser um parceiro fundamental da sub-região de Saúde da Guarda, que gastou no ano passado mais de 100 mil contos nesta área. Entretanto, Radiologia deverá contar brevemente com mais uma especialista, vinda de Seia, e dois novos técnicos, num serviço passará então a contar com três médicas, 12 técnicos e três ajudantes. Até lá, os actuais funcionários do serviço irão fazer formação no Hospital de S. João, no Porto, para optimizar o recurso ao TAC no Sousa Martins. Estas e outras explicações terão deixado João Correia «esclarecido». Não foi possível, até à hora do fecho desta edição, conhecer a posição de Graça Simões por se encontrar de férias.

Luís Martins

Sobre o autor

Leave a Reply