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1. Sexta-Feira. É o último dia da campanha eleitoral. Já se sabe pelas sondagens o essencial dos resultados de Domingo: o PS vai perder e o PSD vai ganhar, mas não na Guarda; os independentes vão fazer estragos consideráveis, eventualmente reversíveis a prazo com autarcas eleitos a passar os últimos dias do mandato atrás das grades. De anotar que a campanha foi menos intrusiva do que de outras vezes. Há menos papéis pelo chão, os cartazes parecem colocados de forma mais ordenada e mais reversível, os carros de som das candidaturas foram menos estridentes (embora aquele hino ultra-pimba da campanha do PSD tenha sido um bocado irritante).

2. Sábado. Dia de reflexão. Dia sem políticos. Um dia inteiro sem os ouvir e sem os ver. Faço zapping entre os noticiários das televisões e não se vê nenhuma das caras do costume. As páginas dos jornais abordam assuntos realmente importantes. É em momentos como estes que se descobre o peso que a política e os políticos estavam a ter no nosso dia-a-dia. E é em momentos como estes que se verifica que não nos fazem a falta que eles pensam. O dia não termina em beleza, embora tivesse prometido tanto: Scolari encarrega-se de estragar tudo, com a sua teimosia e a sua mentalidade de merceeiro à procura de um tostão. A Selecção rebaixa-se ao nível do adversário e acaba o jogo num embaraçoso sofrimento. O único que jogou ao nível esperado foi o Ricardo. É isso, o Scolari fez desta selecção uma espécie de “Ricardo mais dez”.

3. Domingo. O acontecimento mais importante do dia foi o regresso da chuva. Bendita, que se não fosse ela os foguetes de algumas vitórias eleitorais teriam resultado nos habituais incêndios. Outro acontecimento importante, a que ninguém parece ter dado grande importância: a serenidade, a tranquilidade com que Sócrates encarou a derrota. Tenho uma teoria, roubada de um velho princípio do senso comum que diz mais ou menos isto: se alguém não parece muito aborrecido quando as coisas lhe correm mal, é porque já tem o “plano B” em acção. E qual é o “plano B” de Sócrates? Aqui vão os tópicos principais em primeira-mão: precisa urgentemente de reduzir o défice; as autarquias locais são um sorvedouro de recursos financeiros, tantas vezes malbaratados; vai ser necessário dar menos dinheiro às autarquias, muito menos dinheiro, tão pouco que os autarcas recém eleitos não vão poder cumprir as suas promessas eleitorais. Ainda bem que são na sua maioria do PSD. Chama-se a isto juntar o útil ao agradável.

Por: António Ferreira

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