– Oh vizinho, peço-lhe perdão.
– Não precisava de pedir, eu dava-lhe na mesma.
– É uma questão de educação.
– Questão de educação são os exames nacionais.
– Exames à próstata?
– Exames de Português.
– Era o que mais faltava!
– O quê?
– Fazer exames desses aos espanhóis.
– É como diziam os antigos. De Espanha nem boa venta…
– … nem pastilhas de menta. Isso é que eram tempos.
– O antigamente?
– A antiga menta. Era mais fresca.
– Como o Brise no mar.
– Alto-mar ou Anamar?
– Simplesmente amar.
– O vizinho acordou romântico?
– Nem por isso, hoje sinto-me ligeiramente naturalista.
– E… Zola?
– Não isola, mas protege.
– Pró Tejo corre o Zêzere.
– Encontram-se em Constância.
– Isso é uma virtude.
– O encontro?
– A constância.
– Essa não é jornalista?
– Entrevista.
– Entre, faça favor.
– Oh vizinho, está a falar com quem?
– Com a vista.
– Vista Alegre?
– Eu prefiro Vista Cavaco.
– Eu vejo em branco.
– Eu casei-me de branco.
– Era virgem?
– Não, era Agosto. Fazia calor.
– As igrejas são frescas.
– Foi na praia.
– Uma ode ao mar?
– Um ódio às algas.
– Como na matemática.
– Números na areia?
– Algas rítmicas.
– Tenho de ir andando.
– Vai para cima?
– Vou para baixo.
– Encontramo-nos lá.
Por: Nuno Amaral Jerónimo