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Despedimentos avançam na Delphi até ao final do ano

Metade dos trabalhadores vão perder emprego, mas administração ainda não divulgou datas

A contagem decrescente para o despedimento de 540 trabalhadores na Delphi da Guarda está confirmada para o segundo semestre deste ano. O adiamento das primeiras 100 dispensas, previstas para Maio, foi comunicado, na passada segunda-feira, ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas dos Distritos de Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra (STIMMDAVGC).

Contudo, nesta reunião, a administração não divulgou a nova calendarização para a multinacional norte-americana despedir estes funcionários até ao final do ano. «Sabemos apenas que vão concretizar-se em 2008, mas não começam em Maio, acontecendo durante o segundo semestre», afirmou aos jornalistas o coordenador do STIMMDAVGC após reunir com a responsável pelos Recursos Humanos da empresa. Júlio Balreira esclareceu que Elisabete Cruz disse estar mandatada pela administração da Delphi para fazer o ponto da situação, mas não adiantou mais nada sobre os critérios a seguir. «Neste momento não sabemos se se mantém o número anunciado há um ano, quando vai iniciar-se o processo e em que condições será feito, o que podemos dizer é que a contagem decrescente começa Julho», referiu. Por isso, o sindicato, o mais representativo na fábrica da Guarda-Gare, vai solicitar uma reunião com a administração da Delphi Portugal, antevendo «muita negociação pela frente, nem que seja para tentar reduzir o número de dispensas e acordar as condições em que serão feitas».

Segundo o dirigente sindical, os despedimentos vão afectar 50 por cento dos cerca de 1.060 trabalhadores da unidade da Guarda, onde a laboração decorre «normalmente». Júlio Balreira acredita que se chegou ao «ponto de não retorno», até porque a Delphi voltou a reiterar que «não há condições, nem encomendas, para manter os actuais postos de trabalho no futuro». Por isso, é também tempo de «pedir responsabilidades» ao Ministério da Economia, à autarquia local e à Governadora Civil pela falta de alternativas de emprego. «Há um ano foram anunciadas um conjunto de medidas, mas elas não aparecem. É que não estou a ver os 500 despedidos a criarem o seu próprio emprego ou empresa na Guarda», criticou. O sindicalista apelou ainda ao Estado para encontrar respostas rápidas para esta e outras situações, mas tem dúvidas da sua capacidade em arranjar alternativas.

«Corremos o risco de ser apenas um país de sol, mas como também há alterações climáticas, qualquer dia nem isso poderemos ter para dar», avisou.

Tudo porque o sector das cablagens está cada vez mais a prazo em Portugal devido à introdução crescente de aplicações electrónicas nos automóveis e a uma maior integração e miniaturização dos componentes graças à nanotecnologia. No caso da fábrica da Guarda, a redução das encomendas já é uma realidade desde 2007. Actualmente, há linhas de produção para a Ferrari, Mazeratti e Alfa Romeo, que empregam cerca de 300 trabalhadores, efectivos na sua maioria. Há um ano atrás, um contrato de produção de cablagens para a Fiat, deslocalizado à última da hora da Roménia, evitou os despedimentos. Inicialmente, a Delphi previa dispensar 100 trabalhadores em Maio, 400 em Julho e 40 em Agosto deste ano.

Luis Martins

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