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Desenvolvimento à espera do Museu do Côa

Ministra da Cultura defende reabilitação da linha ferroviária entre o Pocinho e Barca d’Alva para fins turísticos

Se tudo correr bem, o Museu do Côa deverá abrir portas até ao final de 2008. A obra foi adjudicada ao grupo nortenho “MonteAdriano”, sediado na Póvoa de Varzim, e terá um custo final estimado de 17,5 milhões de euros. Desses, 11,5 milhões destinam-se à construção do edifício, arranjos exteriores e acesso rodoviário (financiados pelo Programa Operacional do Centro), enquanto os restantes seis milhões vão para o equipamento, musealização e aquisição de terrenos imprescindíveis ao empreendimento (garantidos no Programa Operacional da Cultura).

O processo arrastou-se durante perto de uma década, estando integrado na estratégia global dos investimentos anunciados após a descoberta das gravuras rupestres em 1994. O museu foi inicialmente pensado para a zona onde começou a ser construída a barragem, na Canada do Inferno, mas a obra foi suspensa com a descoberta das gravuras no rio Côa e por ser demasiado oneroso para o erário público. Posteriormente, o projecto foi reavaliado e deslocalizado para uma encosta sobranceira à confluência dos rios Douro e Côa, no Vale de José Esteves, na zona Norte do PAVC. Foi para este local – uma área de seis mil metros quadrados e 190 metros de cumprimento, o equivalente a um porta-aviões – que os arquitectos Tiago Pimentel e Camilo Rebelo idealizaram um monólito com janelas em frestas, semi-enterrado e com oito metros de altura na vertente virada para o vale do Douro. Com uma forma triangular, o museu será o resultado de três condições topográficas, em que o ponto mais alto do terreno está “entalado” entre os Vales do Forno e o de José Esteves, abrindo uma terceira frente que vai de encontro aos rios Douro e Côa.

Segundo António Martinho Baptista, director do Centro Nacional de Arte Rupestre (CNART), o PAVC conta actualmente com 39 núcleos de arte rupestre conhecidos. «Dentro de um ano teremos mil rochas com gravuras, hoje temos identificadas mais de 700», disse na sexta-feira. O arqueólogo aproveitou a cerimónia para pedir à EDP que abra as comportas da barragem do Pocinho para fazer baixar o nível das águas e permitir trabalhar no Côa «como em 1995».

Autarcas entusiasmados com reabertura da linha férrea até Barca d’Alva

O anúncio da reactivação da linha ferroviária entre Pocinho e Barca d’Alva, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, agradou sobremaneira ao autarca local. António Edmundo ficou «radiante» por ver que uma «luta de vários anos tem agora uma luz ao fundo do túnel», afirmou. Para o edil, «não faria sentido construir um museu daquela valia e com tanto investimento, sem criar efectivamente uma boa rede de acessibilidades por estrada, barco e comboio». Nesse sentido, garante que o município não vai baixar os braços, pois seria «muito bom» fazer coincidir a conclusão do Museu do Côa com a reabertura da linha ferroviária, permitindo que Barca d’Alva passe «a ser um ponto de partida para o Douro». Optimista está também o presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa. Emílio Mesquita considera que esta opção vai contribuir para aumentar o número de visitantes à região e adianta que «há empresários interessados em explorar essa linha férrea com comboios turísticos».

Luis Martins

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