Arquivo

Desemprego vai aumentar em Junho na Guarda

Programas de Actividade Ocupacional fazem diminuir o número real de desempregados

O número de desempregados na área de intervenção do Centro de Emprego da Guarda tem aumentado «substancialmente» nos últimos anos, lamenta Carlos Gonçalves, director daquele organismo. O que se traduz consequentemente no crescimento do montante gasto em subsídios pela Segurança Social, que atingiu em 2003 o nível mais elevado das últimas décadas. Segundo dados deste organismo, a evolução tem sido exponencial, passando de cerca de 9,5 milhões de euros pagos em 2001 para mais de 11,6 no ano seguinte e atingir quase os 15 milhões de euros em 2003. Um cenário que se mantém em 2004.

A nível do desemprego propriamente dito, Abril não poderá servir de exemplo, pois «até houve uma ligeira diminuição no número de inscritos comparativamente ao ano passado», explica o director, segundo o qual havia no último mês cerca de 2.643 inscritos enquanto que no mês homólogo de 2003 estavam registados perto de 2.646 desempregados. Contudo, Março viveu um acréscimo significativo em relação ao ano anterior, mas «o pior vai ser o próximo mês», receia Carlos Gonçalves, por causa das empresas que fecharam em Abril, nomeadamente a Sénior e a Auto Neofor, mas também de algumas trabalhadoras da Gartêxtil que irão agora engrossar estes números. Para o director do Centro de Emprego são dois os factores que contribuem para o aumento contínuo de desempregados. Por um lado, o fecho de várias fábricas e por outro o aumento «preocupante» de licenciados e bacharéis que chegam ao mercado de trabalho local e não encontram saídas para a sua formação. Como é «pouco diversificado, é difícil colocar todas as pessoas», refere o director, que destaca ainda o facto de haver pouca mão-de-obra qualificada na região.

Nesse sentido, o IEFP tem vindo a canalizar alguns casos para acções de reconversão e qualificação de forma possibilitar uma nova formação a pessoas que ainda podem enveredar por outro caminho em termos de mercado de trabalho. «E até temos conseguido colocar essas pessoas com novas formações», garante Carlos Gonçalves. Neste momento há dois programas disponíveis, um no âmbito de emprego e protecção social (FORDESQ) e outro de intervenção na Beira Interior (GESTIC), oferecendo ambos acções de formação para licenciados e bacharéis que permitem «abrir novos horizontes» no mercado de trabalho. Estas iniciativas têm dado os seus frutos, garante Carlos Gonçalves, sublinhando que vários formandos têm enveredado por caminhos diferentes dos cursos que tiraram, enquanto outros criaram o seu próprio emprego. Já os Programas de Actividade Ocupacional (POC) para desempregados apoiados com o subsídio de desemprego foram criados em 1985 com a preocupação de que, «na ausência imediata de oportunidade de emprego ou de formação profissional, é desejável a sua participação», segundo a portaria 192/96. Neste caso não é só um programa de ocupação temporária, mas converte-se muitas das vezes «numa oportunidade para a contratação», explica o director do IEFP. Por isso, o POC «não é uma forma de camuflar os números», assegura, embora reconheça que os desempregados inscritos neste programa não contam para o cálculo do índice de desemprego. No caso da Guarda estão actualmente inscritos entre 200 a 300 pessoas no Programa de Actividade Ocupacional do Centro de Emprego.

Patrícia Correia

Sobre o autor

Leave a Reply