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Descobertas pinturas rupestres no Colmeal

Achados remontam ao período entre o Neolítico Médio e o Calcolítico Final

Uma equipa do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), que efectuava, prospecções arqueológicas junto à aldeia abandonada do Colmeal (Figueira de Castelo Rodrigo), descobriu um conjunto de quatro abrigos com pinturas esquemático-simbólicas nos paredões que ladeiam a pequena ribeira do Colmeal. Um património datado de entre os períodos Neolítico Médio e Calcolítico Final (3000 a.C.). O sítio deverá ser brevemente visitado pela equipa do Centro Nacional de Arte Rupestre (CNART).

Uma prospecção mais cuidada desta região poderá ainda detectar novos abrigos pintados, indica Maia Pinto, director do PAVC, tendo em atenção a distribuição geomorfológica das formações quartzíticas. As pinturas agora reveladas são todas em diversos tons de vermelho (ocre), realizadas com a técnica da tinta plana e figuram representações antropomórficas (humanos) muito esquematizadas, «um modelo figurativo bastante típico da arte esquemático-simbólica peninsular», explica aquele responsável. Segundo o PAVC, o ordenamento figurativo e cénico destas representações do Colmeal, em painéis verticais ou sub-verticais, a tipologia dos motivos e o seu pronunciado esquematismo, são comparáveis com inúmeros abrigos pintados que, desde o Sudeste peninsular até Trás-os-Montes, polvilham em especial as regiões montanhosas do interior e da Meseta Ibérica. Em Portugal conhecem-se actualmente pelo menos duas “províncias artísticas” com estações pintadas deste tipo: o Alto Alentejo (distrito de Portalegre), a Beira Alta com a região do Côa e Alto Douro, onde se inserem os abrigos agora detectados, e o Leste transmontano, com algumas das mais emblemáticas estações do esquematismo encontrado em Portugal, caso do Cachão da Rapa, Penas Róias e a Pala Pinta.

No entanto, algumas descobertas recentes têm contribuído para «acentuar o carácter heterogéneo» de alguns destes abrigos, refere um comunicado do PAVC, explicando que estes carecem por isso de uma «melhor sistematização». Segundo os especialistas, a cronologia destes paredões decorados viaja entre o Neolítico médio e o Calcolítico final, podendo em algumas regiões ir mesmo até à primeira Idade do Bronze. Neste caso, poderá mesmo atribuir-se às pinturas agora descobertas uma cronologia do terceiro milénio antes de Cristo, sustentam. Para a autarquia, esta descoberta são um elemento de «grande alcance» no panorama histórico-monumental do concelho e vem «realçar a importância da aldeia abandonada do Colmeal, que, simultaneamente com este conjunto de abrigos, constituirá um pólo importante de atracção turístico-cultural», espera Armando Pinto Lopes, autarca figueirense. A aldeia de Colmeal, a 15 quilómetros da sede de concelho, é uma povoação abandonada depois de, em 1956, a população ter sido expulsa por forças da GNR após a aquisição do povoado por particulares.

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