Crespo de Carvalho protagonizou, na Guarda, a segunda pior derrota da história do PSD em eleições autárquicas, com o partido a perder um vereador na Câmara. Os sociais-democratas conseguiram apenas dois mandatos contra os cinco do PS, o que só aconteceu em 1982 e 1997. Na hora do discurso, o candidato independente falou em «posturas anti-democráticas» por parte da candidatura adversária e reiterou que não assume o cargo de vereador da oposição.
Feitas as contas, foram 6.879 os votos que separaram PS e PSD, quase mais 2.000 que em 2005. «Não dou os parabéns aos que se consideram hoje vencedores, na convicção que mantenho de que não posso classificar de democráticos todos os métodos e procedimentos utilizados», disse Crespo de Carvalho na noite eleitoral, sem concretizar a acusação – aludindo, pelo menos, à alegada utilização de meios e funcionários da Câmara em benefício da candidatura socialista e ainda a confrontos ocorridos entre as duas candidaturas na freguesia de S. Miguel da Guarda, na última sexta-feira, que terão sido, alegadamente, iniciados pelos socialistas. Numa curta intervenção, sem direito a perguntas dos jornalistas, o independente anunciou, perante pouco mais de uma dezena de apoiantes, o seu «adeus nesta incursão na política» e assumiu «pessoalmente» a derrota. «Tal como anunciei, não serei vereador, devolvendo assim a responsabilidade de assumir a oposição, a partir de agora, ao PSD», afirmou. Rui Quinaz, dirigente concelhio do PSD, e Ana Maria Fonseca, independente, segundo e terceira da lista, deverão assumir funções no próximo executivo.
De resto, o último dos candidatos à Câmara da Guarda a intervir na noite de domingo discursou durante cerca de um minuto e ao som da festa dos socialistas – já que as duas sedes de candidatura, no centro da cidade, distam uns escassos 50 metros. Ainda antes de regressar à sala onde acompanhou os resultados eleitorais, à porta fechada, Crespo de Carvalho agradeceu aos que o acompanharam no projecto “A Guarda quer”, em especial ao cabeça de lista à Assembleia Municipal, João Correia, e referiu o que considerou ser «os bons resultados em termos de freguesias», nomeando as 12 Juntas ganhas pelo PSD. No sufrágio para a Câmara, Crespo de Carvalho só venceu em Adão (54,81 por cento), Benespera (47,75), Marmeleiro (46,97) e S. Pedro do Jarmelo (37,95). Já relativamente à eleição para a Assembleia Municipal, a candidatura liderada por João Correia perdeu dois deputados, ficando neste mandato com 19 eleitos, contra 31 do PS, que ganhou um aos sociais-democratas. O PSD foi o único que perdeu votos, arrecadando apenas 7.877 (menos 1.161 que em 2005), o que corresponde a 31,44 por cento da votação, enquanto que os socialistas chegaram aos 52,51.
