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Depois dos “dinossauros”

Editorial

Como previsto, as candidaturas às próximas eleições autárquicas vão ficando definidas em todos os concelhos. E se há territórios onde as estruturas partidárias ainda discutem nomes e estratégias, na maioria dos concelhos as listas vão ficando definidas.

Na região, as maiores dúvidas estão porventura na Covilhã, onde Vítor Pereira poderá finalmente reconduzir o PS à liderança do concelho. O PSD, dividido, apresenta o antigo vereador de Carlos Pinto, Joaquim Matias como cabeça-de-lista, mas vai ter muitas dificuldades em reunir apoios. E é o independente Pedro Farromba, atual número dois de Pinto, que vai ganhando espaço, sem partido, mas com o apoio de muitos sociais-democratas e de Carlos Pinto.

Em Belmonte, é onde tudo parece mais simples: regressa Dias Rocha para ocupar o lugar que já foi seu e “cedeu” a Amândio Melo, segurando a Câmara para o PS.

No distrito da Guarda, o poder ditará a sua lei e os candidatos a renovar mandato não deverão ter dificuldade em ganhar. Em Foz Côa, Fernando Girão tem esperança de reconquistar a Câmara para o PS, mas dificilmente Gustavo Duarte deixará de contar com a maioria.

No concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, um bastião laranja presidido por António Edmundo, Paulo Langrouva (que já foi “próximo” do PSD) encabeça a lista socialista na difícil tarefa de tentar contrariar o domínio do PSD. O mesmo domínio laranja que, em Almeida, deverá permitir a Batista Ribeiro cantar vitória. Em Pinhel, a sucessão “dinástica” é mais ou menos óbvia, para o PSD: a António Ruas sucede Rui Ventura. O Partido Socialista candidata José Vital Tomé que não deverá ter espaço para grandes veleidades. E no concelho do Sabugal, António Robalo tem todas as condições para manter a câmara e, desta vez, provavelmente com a maioria perdida há quatro anos por culpa do MPT, se bem que António Vaz acredita que também o PS pode recuperar os eleitores perdidos para Joaquim Ricardo. Estes são os concelhos onde o PSD deverá continuar a governar sem maiores dificuldades.

Em Manteigas, é o PS quem detém o poder e recandidata Esmeraldo Carvalhinho para o manter. José Manuel Biscaia regressa com a ambição de recuperar a câmara para o PSD, mas não terá facilidades.

Na Guarda, José Igreja, que foi vice-presidente da Câmara da Guarda com Abílio Curto e presidente da Assembleia Municipal com Abílio Curto e depois com Maria do Carmo, regressa à política com a ambição de manter o concelho nas “mãos” dos socialistas. O advogado conta com uma máquina bem oleada e com Joaquim Valente para encabeçar a lista à Assembleia Municipal. O PSD, a exemplo do que é habitual, mantém a sua estatura autofágica e ainda não decidiu o nome que vai enfrentar Igreja. Manuel Rodrigues era uma escolha da secção que não conseguiu apoio fora da estrutura, optou por desistir quando podia ter avançado obrigando o partido a ir atrás (como fez, por exemplo, Menezes no Porto, com a vantagem de ser Manuel Rodrigues o líder da secção). O advogado, que tem “boa imprensa”, não sobreviveu às questiúnculas e divergências, quis um unanimismo que nestas coisas quase nunca acontecem, quando lhe bastava ter afirmado que, com ou sem apoio do partido, avançava, não o fez, optou pela vitimização por falta de audácia para ser candidato. Júlio Sarmento espera agora por Álvaro Amaro, mas ele próprio poderá avançar.

Na Mêda, Mário Murça parte em vantagem para manter o PS no poder enquanto o PSD não se decide quanto ao nome do candidato. Em Celorico da Beira é José Monteiro que leva vantagem, enquanto o PSD escolheu Manuel Portugal para tentar recuperar um município que já foi seu.

Em Fornos, o “dinossauro” José Miranda não se pode recandidatar, mas muito dificilmente a autarquia deixará de ser um bastião laranja, que afina a melhor estratégia com Artur Oliveira e José Fernando. Porém, Manuel Fonseca pode causar surpresa para o PS. E em Trancoso pode haver ventos de mudança com a saída de Júlio Sarmento. Amílcar Salvador lidera mais uma vez a candidatura pelo PS, mas desta vez com uma nova confiança, que João Rodrigues está incumbido de contrariar, num concelho onde o PSD ganhou sempre.

Também em Aguiar da Beira se adivinham dificuldades para o PSD manter o feudo. Sem Fernando Andrade e sem estratégia definida, o PSD irá escolher entre José Tavares e Fernando Pires qual a melhor opção para a manutenção da autarquia, que o PS vai tentar conquistar provavelmente com António Lacerda. E em Gouveia, sem Álvaro Amaro, a disputa será renhida, tanto que PS e PSD espreitam para ver quem é o candidato do adversário antes de escolher o próprio candidato.

Numa altura em que a trapalhada do novo mapa de freguesias ainda não está “fechado”, as candidaturas às câmaras vão ficando definidas e, historicamente, o PS poderá ser o ganhador no distrito da Guarda.

Luis Baptista-Martins

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