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Delphi reitera continuidade em Portugal

SIMA e administração esclareceram situação do grupo no nosso país

A administração da Delphi Portugal garantiu ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), no final da semana passada, que vai manter os postos de trabalho nas fábricas do grupo no nosso país e que estas unidades não serão encerradas, apesar das dificuldades sentidas pela empresa nos EUA. O anúncio foi feito após uma reunião com os responsáveis máximos da Delphi e no qual participaram três dirigentes do SIMA na unidade da Guarda, José Luís Besteiro, Joaquim Rocha e Alberto Chincha.

Em comunicado, o SIMA explica ter solicitado uma «clarificação imediata» da situação no nosso país, tendo sido comunicado que «os problemas que possam existir na Delphi resultam de uma situação conjuntural e localizada, nomeadamente nos Estados Unidos», a qual não afecta Portugal, uma vez que «existe independência entre a Delphi nos Estados Unidos e a Delphi Europa». Por outro lado, os administradores desmentiram o eventual encerramento de unidades portuguesas, classificando a informação de «falsa», mas admitiram haver «problemas nalgumas das fábricas, os quais são conhecidos», refere o documento, a que “O Interior” teve acesso. Os sindicalistas foram ainda informados da existência de «problemas de competitividade» em Portugal, derivadas do facto das empresas do grupo se encontrarem em íntima ligação com o mercado automóvel, «o qual sofre grandes oscilações». No entanto, segundo o SIMA, a Delphi tem-se conseguido adaptar a essa situação «através da captação de novos clientes». Mas esta mensagem «mais tranquilizadora» não impede o sindicato de reiterar a sua preocupação face ao futuro do sector. Por cá, o director da maior empregadora do concelho, com 1.100 trabalhadores directos, também já tinha adiantado que a fábrica da Estação tem laboração assegurada até 2009.

A garantia foi transmitida ao presidente do município no início de Setembro: «Foi muito claro ao dizer-me que a unidade continua a laborar com estabilidade a todos os níveis e que até 2009 não se prevê qualquer diminuição no contingente de trabalhadores, de encomendas e muito menos na laboração», referiu Álvaro Guerreiro na reunião de Câmara. Isto numa altura em que a crise global da Delphi e a possibilidade de fecho da unidade guardense geraram enorme preocupação. «Estamos mais tranquilos, mas o assunto continua a ser uma fonte de preocupação dado o elevado número de trabalhadores e as repercussões sócio-económicas que qualquer alteração anormal da laboração terá a nível local», sublinhou, revelando ter solicitado entretanto uma audiência ao ministro da Economia. A crise do sector automóvel está na origem dos problemas do maior fabricante de cablagens do mundo. O alerta soou nos Estados Unidos em Agosto, quando o próprio presidente da Delphi, Steve Miller, admitiu o cenário da falência durante a apresentação dos resultados do primeiro semestre de 2005. Os 274,5 milhões de euros de perdas terão reforçado a necessidade de continuar com o plano de reestruturação da multinacional, que prevê uma redução de 8.500 empregados pelo mundo até final do ano.

A Delphi está presente em Portugal desde 1980, dedicando-se ao fabrico de “airbags”, cabos eléctricos e electrónicos, rádios para automóveis, sistemas de ignição, sensores e outros aparelhos. É líder mundial na área dos sistemas tecnológicos, especialmente no sector automóvel e de transportes, empregando cerca de 185 mil funcionários. A empresa tem acumulado prejuízos nos últimos quatro trimestres, devido ao facto de a General Motors (GM), sua principal cliente, ter reduzido substancialmente o fabrico de automóveis nos EUA.

Luis Martins

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