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Delphi pára uma semana no Carnaval

A partir de Março, a Dura Automotive avança para seis meses de “lay-off” para minimizar os efeitos da crise do sector

As más notícias começam a chegar à indústria de componentes para automóveis da Guarda. Com os principais clientes a reduzir encomendas e a despedir trabalhadores, a Delphi e a Dura vão começar a tomar medidas para adaptar a produção à procura e minimizar o impacto da crise nos custos de laboração. Ainda não se fala em despedimentos ou encerramento, por enquanto.

A situação é tal que, pela primeira vez na história da unidade, a fábrica da Guarda-Gare vai suspender totalmente o fabrico de componentes durante a semana do Carnaval. «Inicialmente, estava acordado fazermos a ponte na segunda-feira, mas há 15 dias a administração comunicou que os trabalhadores teriam que ficar em casa mais três dias», adianta o delegado do Sindicato dos Trabalhadores dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM). Segundo José Ambrósio, esta paragem das linhas de produção foi justificada com «as quebras das encomendas». No entanto, a decisão não foi bem aceite pelo sindicato, que lamenta que os funcionários da Delphi e os seus representantes não tenham sido ouvidos previamente. «Os trabalhadores não têm que pagar sozinhos a crise», critica o dirigente, acrescentando que o STIMM propôs que a empresa só descontasse dois dos quatro dias de férias que se vêem forçados a gozar no Carnaval.

«A administração recusou a ideia, pelo que vamos reunir em plenário, na segunda-feira, para decidir o que fazer», indica. José Ambrósio diz também que a Delphi ainda não fala em despedimentos antecipados, nem na possibilidade de novas paragens da laboração, mas avisa que «neste cenário generalizado de crise, tudo está em aberto». De resto, desde Novembro que a multinacional norte-americana de cablagens tem vindo a realizar acções de formação para os cerca de 960 funcionários. Isto depois de, em Setembro e Outubro do ano passado, algumas dezenas de trabalhadores terem sido obrigados a ficar em casa durante vários dias por falta de trabalho. «Actualmente, está-se a reduzir o pessoal das linhas de produção com menos trabalho, que são enviados para formação», refere o sindicalista, também membro da Comissão de Trabalhadores, dizendo que, neste momento, há cerca de 60 pessoas a frequentar acções formativas.

Recorde-se que a Delphi tem previsto o despedimento de cerca de 400 pessoas em Dezembro de 2009, uma medida consecutivamente adiada graças a duas encomendas deslocadas da Roménia. Na DURA, localizada no Porto da Carne, a administração já decidiu avançar com um período de “lay-off” de seis meses, com entrada em vigor a 1 de Março. Ao que tudo indica, até 1 de Setembro, os 150 operários vão apenas trabalhar três dias por semana e receber cerca de dois terços do salário. Contactada por O INTERIOR, Sandra Sousa, elemento da Comissão de Trabalhadores em representação do STIMM, escusou-se a falar do assunto com o argumento de que estava marcada para a tarde de ontem [quarta-feira] um plenário com os funcionários da empresa de componentes para automóveis. A unidade dispensou 21 trabalhadores em Outubro devido à falta de encomendas. Desses, 11 terminaram contrato no fim de Novembro e os restantes em Dezembro, mantendo-se «ao serviço da empresa» até ao final dos contratos, continuando a receber o ordenado apesar de «estarem em casa». Recorde-se que, em Março de 2008, O INTERIOR noticiou que a sede da Dura nos Estados Unidos tinha solicitado ao tribunal protecção contra credores, após mais de 1.300 milhões de dólares de dívidas vencidas.

Luis Martins

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