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Delphi da Guarda entre as melhores do grupo na qualidade

Resultados relativos ao primeiro semestre de 2010 terão sido divulgados internamente antes do anúncio do fecho da fábrica

A fábrica da Delphi na Guarda está entre as unidades do grupo com melhor desempenho ao nível da qualidade durante o primeiro semestre de 2010. É o que indica uma listagem publicada na Intranet da multinacional norte-americana, no site “Apollo”, a que O INTERIOR teve acesso. O documento reflecte a satisfação dos clientes, distinguindo com platina, ouro e prata um total de 55 fábricas entre as mais de 300 que o grupo tem em todo o mundo. Esta lista foi divulgada internamente antes do anúncio do fecho da unidade guardense, assegura fonte da empresa.

Trata-se de um estudo que é feito no final de cada semestre e que permite à multinacional norte-americana apurar a performance das suas fábricas. No documento relativo à primeira metade de 2010, a unidade da Guarda-Gare é a única portuguesa a aparecer na lista, onde também só há cinco europeias. Das 55 distinguidas, 27 mereceram platina, quatro ouro e 24 prata. A guardense recebeu esta última distinção. Os critérios para a atribuição dos galardões têm a ver com aspectos como a quantidade de peças defeituosas por cada milhão entregue por cliente ou o número de reclamações formalizadas. «Esta lista foi divulgada na Intranet antes do anúncio de que a fábrica fechará em Dezembro, ou seja, aquando da decisão já se sabia destes resultados e muito provavelmente não foram tidos em conta na hora de escolher entre manter a da Guarda ou a de Castelo Branco», afirma um funcionário da fábrica, a desempenhar um cargo de chefia, que pede para não ser identificado.

Aquando da decisão, anunciada em meados do passado mês de Julho, a administração explicou que as encomendas não eram suficientes para garantir a laboração das duas unidades. «Porque é que se optou por fechar a da Guarda, se é a nossa que aparece na lista, que agrada aos clientes e que tem também melhores instalações?», questiona a mesma fonte, recordando, em jeito de denúncia, que há alguns meses o responsável da unidade albicastrense passou também a ter a seu cargo a fábrica guardense. Segundo conta, «as encomendas têm aumentado, duplicaram até», sobretudo graças à Ferrari e Maserati. «Sabemos que não foi de certo a falta de qualidade que levou a administração a decidir encerrar a fábrica na Guarda», reage Vítor Tavares, do Sindicato das Indústrias Transformadoras e da Energia (SITE).

O sindicalista confessa nunca ter ouvido falar antes da existência do documento em causa. Ainda assim, não se mostra surpreendido com a inclusão da unidade guardense na listagem: «É uma fábrica que registou sempre satisfação por parte dos clientes», refere. Vítor Tavares recorda que a administração «quis salvar uma das unidades» da Beira Interior e que ficou «surpreendido» com a decisão, considerando «estranho» que encerre a Delphi na Guarda quando tem «melhores condições» do que a albicastrense e satisfaz os seus clientes. Contactada por O INTERIOR, a administração da multinacional não quis prestar declarações.

Produção transferida para Castelo Branco em Outubro

A produção de cablagens na fábrica da Guarda para a Ferrari e Maserati passa no início de Outubro a ser transferida para a unidade de Castelo Branco.

Outra parte da produção será deslocalizada para a Europa do leste. A medida faz parte da reorganização da multinacional Delphi em Portugal, que prevê o encerramento da fábrica guardense no final do ano com o despedimento dos últimos 321 operários. As cablagens para a Ferrari e Maserati mobilizam cerca de 200 operários, «pelo que será de esperar que venha a ser esse o número de pessoas que vai reforçar a fábrica de Castelo Branco», afirmou à Lusa fonte da empresa. A formação de pessoal adicional começou já em Agosto na unidade albicastrense. A transferência de produção vai fazer também com que a Delphi passe a ocupar a totalidade do antigo pavilhão da fábrica de equipamento de frio Hormigo, actualmente propriedade da Câmara, e que já estava a ser parcialmente usada pela multinacional. «A transferência de produção vai implicar a instalação de mais equipamento», sendo que cerca de 25 por cento já existe na Delphi albicastrense, acrescentou a mesma fonte.

A fábrica encerra definitivamente no final deste ano

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