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Bilhete Postal

Vanda tem a ilusão de que esperarão por ela, que compreenderão suas ideias carregadas de boa vontade e bom senso. Vanda realiza a importância de um trabalho com qualidade e esmero. Por isso Vanda dá horas à sua instituição, dedica-se, tenta responder às solicitações e intervém para disponibilizar respostas. Na surpresa, na adaptação a desafios inesperados não há paralelo, Vanda é a desenrascada mor. O imprevisto chegou quando Vanda recebeu avaliações menores que duas colegas. Uma delas ouvira dizer que era familiar do chefe e a segunda portadora de cartão de sócia. Vanda protestou a injustiça. O desembaraço no imprevisto não focava este pontapé violento. Vanda falou com todos e tentou perceber e argumentar. Chefe, a sua parente é claramente a menos maleável à tarefa que desempenhamos. A Fátima tão pouco faz mais ou melhor que eu. Disse porque assim o pensava e disse porque era a sua verdade. Vanda ainda buscou números, documentos e tentou demover o Chefe da decisão. As primeiras estavam a ser vítimas de perseguição disse ele. A Vanda está a pôr em causa o meu juízo de avaliação. Eu sei o que faço. Ela agora era a má. Os outros não chegam a horas, não cumprem, não produzem o mínimo para que são pagos, criam subterfúgios de rendimento aos seus salários, inventam estratégias para não se exporem às tarefas, não têm tarefa alguma e esses são bons e Vanda é má. Assim, de modo cru, são as instituições portuguesas. O compadrio de Chefes com amigos, as fidelidades da via vaginal, do caminho do voto, do “ajuda-me que eu te recompenso” – e por aí fora – são a força que Vanda não entende. Vanda agora está no desemprego. Vanda falou de mais?

Por: Diogo Cabrita

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