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Delegados de José Albano votaram na moção de Eduardo Brito

Autarca de Seia só conseguiu levar ao Congresso 33 delegados, mas o seu documento estratégico acabou por obter 44 votos

A polémica começou logo pela manhã. Deveriam os jornalistas assistir à totalidade do Congresso Distrital? Inicialmente, só poderiam estar na abertura e encerramento da reunião magna dos socialistas guardenses, tendo a presidente da Comissão Organizadora do Congresso (COC), Maria do Carmo Borges, pedido à comunicação social que abandonasse a sala do Hotel Turismo após a sessão de abertura. No entanto, Joaquim Valente, presidente da mesa do Congresso, convidou os jornalistas a ficar.

Após esta divergência inicial, o encontro, que contou com a presença de 164 delegados (131 afectos a José Albano e 33 a Eduardo Brito), lá arrancou. Ainda durante a manhã, o presidente da Câmara de Seia voltou a defender que os deputados devem ser escolhidos pelos militantes através de directas, por voto secreto, afirmando que «ser o ciclo de Lisboa a impor os candidatos, isso deve acabar». Além disso, Eduardo Brito sublinhou que também os candidatos às Câmaras devem ser escolhidos pelos militantes e, para dar o exemplo, anunciou que será assim em Seia já em Janeiro. À tarde, o clima de aparente serenidade manteve-se, mas só até à inflamada intervenção de Joaquim Nércio. O socialista da concelhia de Seia avisou logo que o seu discurso seria «uma manta de retalhos e de reparos» e criticou José Albano por ter começado a sua campanha tão cedo, «atando as mãos a outros possíveis candidatos». Também interrogou «por que é que Eduardo Brito apenas conseguiu constituir listas em sete concelhos?», prosseguindo, dizendo também ser daqueles que pensa que para «um distrito forte é preciso uma cidade da Guarda forte».

Joaquim Nércio lamentou, por outro lado, que José Albano não tenha aceite a «discussão pública de ideias». E desdramatizou o facto de Eduardo Brito ter escolhido a Grande Área Metropolitana de Viseu, referindo que «também um treinador, quando muda de equipa, tem de defender o novo clube». Foi quanto bastou para abanar o unanimismo que se vivia no congresso. Em menos de nada, as reacções começaram a fazer-se ouvir e foi já no meio de apupos e palavras menos “simpáticas” que Joaquim Nércio acabou a elogiar as qualidades do novo presidente da Federação. A votação começou pouco depois e, aparentemente, o “discurso sensação” do jovem senense, apesar de controverso, surtiu o efeito desejado. É que a lista de Eduardo Brito só conseguiu levar ao congresso 33 delegados, mas a sua moção obteve 44 votos. Assim, dos 59 lugares da Comissão Política Distrital, Eduardo Brito alcançou 15, em vez dos 10 esperados.

Veio depois o discurso de José Albano. Mais comedido, o novo presidente da Federação referiu que quer ter Eduardo Brito a seu lado. «Se daqui a dois anos ele tirar o meu lugar, apoiá-lo-ei, porque sempre o valorizei enquanto presidente de Câmara e nunca lhe tirei esse mérito», disse. E apelou: «Se não quiserem ser amigos, ao menos que sejam camaradas. Não ponham é uma guerra acesa entre listas onde não há necessidade». Porém, o novo presidente da distrital fez questão de recordar que a sua vitória é esmagadora: «Posso dispensar os 310 votos que tive em Celorico, os 135 de Gouveia, os 45 de Fornos e os da Guarda, mas, mesmo assim, ganhava as eleições», afirmou. E a propósito de eleições, José Albano anunciou que, no início do ano, serão apresentados os candidatos do PS às Câmaras do distrito numa convenção autárquica a realizar em Manteigas.

Já na sessão de encerramento, e depois da intervenção acesa de Olga Marques, do humor de José Igreja e do discurso apaziguador de Virgílio Bento, o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Ascenso Simões – anunciado como secretário de Estado da Protecção Civil (sic) –, trouxe o inevitável «abraço fraterno» de José Sócrates e os elogios à acção governativa no distrito. Mas as contas que interessavam eram outras. A moção estratégica de José Albano obteve 126 votos, enquanto que a lista B, de Eduardo Brito, ficou-se pelos 44, o que garantiu ao presidente da Câmara de Seia 15 dos 59 lugares Comissão Política Distrital. António Camejo Martins foi eleito presidente da Comissão Federativa de Jurisdição, Amílcar Monteiro Pires da Comissão Federativa de Fiscalização Económica e Financeira e José Igreja vai presidir à Assembleia da Federação. Fernando Cabral foi o grande ausente deste Congresso, que contou com a presença de Álvaro Amaro na sessão de encerramento.

Rosa Ramos

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