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Decisão sobre o futuro da Beiralã novamente adiada

Credores decidiram, uma vez mais, não apreciar o plano de insolvência e pediram nova versão a Rui Cardoso

Os credores da Beiralã voltaram a adiar, na passada terça-feira, a apreciação do plano de insolvência da empresa têxtil, sob pena de o chumbarem, por novamente não agradar à maioria. O administrador Rui Cardoso vai apresentar, a 26 de Novembro, uma nova versão do documento no Tribunal de Seia, com o empresário a garantir que está «disposto a assumir as responsabilidades das indemnizações» devidas aos trabalhadores.

«Se a assembleia não fosse suspensa, o plano seria chumbado e pelos principais credores, incluindo Segurança Social e IAPMEI», afiança o coordenador do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), Carlos João – que ainda chegou, à saída do tribunal, a dirigir algumas palavras a Rui Cardoso, o que provocou alguma exaltação de ânimos. O sindicalista reitera que «os trabalhadores não abdicam das indemnizações» e afirma que os 8.100 euros do Fundo de Garantia Salarial previstos para cada um «não são suficientes». Para que os funcionários aprovem o plano, Rui Cardoso «terá ainda de começar a fazer o pagamento de salários em atraso, férias e subsídios em 30 dias após a aprovação, em quatro prestações mensais», reivindica o dirigente sindical. Ou seja, os funcionários não aceitam que a liquidação se inicie um ano depois do trânsito em julgado e durante três anos.

Além da inclusão do pagamento das indemnizações na proposta e da alteração de prazos para a liquidação, o coordenador do STBA pede ainda «a penhora de equipamento para que não haja dúvidas de que [Rui Cardoso] irá cumprir». «Estas condições são as suficientes para que os trabalhadores votem a favor», acrescenta Carlos João, para depois revelar que o empresário já tem conhecimento das condições exigidas, por via de um fax enviado na véspera da Assembleia de Credores pelo advogado dos trabalhadores ao autor da proposta, após a realização de um plenário.

«Eles [trabalhadores] têm de dizer o que querem», diz, por seu turno, Rui Cardoso, que alega que aquela comunicação via fax não é válida, por não ser oficial – visto que o documento deveria passar pelo administrador de insolvência primeiro. A administração da Beiralã pretende agora que haja uma reunião com os advogados de ambas as partes, com o intuito de chegar a acordo com os funcionários. Rui Cardoso mostra-se optimista quanto a este processo: «Sou uma pessoa de fé e acredito que a empresa tem viabilidade», refere.

Recorde-se que, quanto aos outros credores, o documento previa a liquidação da totalidade da dívida à Segurança Social, 15 por cento ao IAPMEI e 25 por cento à Chargeurs Wool, firma francesa que requereu a insolvência. O plano propunha ainda a entrega da secção de fiação da Beiralã a outra empresa, mantendo-se as de tecelagem e tinturaria, o estabelecimento de parcerias em termos de política comercial e de produto e a criação de 150 postos de trabalho no prazo de um ano. Os créditos da Beiralã ascendem aos 12 milhões de euros, com a Segurança Social e o IAPMEI a deterem 40 por cento.

A Beiralã foi declarada insolvente a 1 de Abril

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