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De Belmonte ao Brasil

Constituído por 16 salas, o Museu dos Descobrimentos proporciona ao visitante, numa interacção permanente, o reencontro com momentos marcantes da História

Fruto da remodelação do Solar dos Cabrais e da sua envolvente, o Museu dos Descobrimentos representa um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros por parte do município de Belmonte. No Centro de Interpretação “À Descoberta do Novo Mundo”, cada visitante poderá usufruir de sensações semelhantes às do mais ilustre belmontense, Pedro Álvares Cabral, quando chegou ao Brasil em 1500.

Este é um projecto único em Portugal em que serão usadas as mais recentes tecnologias interactivas ao serviço da museografia, de forma a envolverem os visitantes num reencontro com alguns momentos marcantes da História do país, como a Época dos Descobrimentos, a Descoberta do Brasil e sua construção como país. Composto por 16 salas, o museu proporciona ao visitante uma interacção permanente e, segundo Paulo Monteiro, gestor do projecto, é um espaço de «interacções e de emoções». A primeira sala é a “Sala Belmonte” e nela o público poderá ficar a conhecer a evolução urbana da vila desde o século XV, sendo um espaço de interpretação a «três níveis»: «Visual, sensitivo e sonoro», refere. Segue-se uma sala dedicada a Lisboa nos finais do século XV. Nesta altura, a capital do país era o centro político-económico do mundo, sendo abordada como ponto de confluência de novos conhecimentos, produtos ideias e saberes.

A terceira é dedicada aos Descobrimentos, partindo da descoberta de Ceuta em 1415 até à chegada de Vasco da Gama à Índia, em 1498. Esta sala, que tem a configuração do interior de uma nau, é dotada de um ecrã interactivo. Na seguinte pretende-se apresentar o ambiente de preparação de uma armada, bem como explicar a constituição da Armada de Cabral e da vida a bordo. Surge depois a transição da preparação da armada e a etapa da viagem em alto mar, em que se recriam os bons, mas também os maus momentos vividos nesta viagem transatlântica pelos marinheiros. Após ser retratado o final da viagem de Pedro Álvares Cabral, com destaque para a descoberta de terra firme e o desembarque, o visitante é convidado a assistir aos primeiros contactos entre portugueses e índios e à primeira missa que se realizou em Terras de Vera Cruz. De resto, esta sala será mais aquecida do que as anteriores, já que se pretende recriar o clima daquela zona do Brasil. Mais à frente, o visitante é confrontado com a biodiversidade e a riqueza ambiental existente no “país-irmão”.

Corredor da Escravatura retrata tráfico negreiro

Retratar os diferentes povos que habitaram no Brasil e como construíram o país ao longo dos tempos, bem como as indumentárias usadas, é o objectivo da Sala dos Povos e Construção do Brasil. A temática da imigração ao longo dos séculos também não foi descurada. Na Sala da Palavra é abordado o papel das diversas línguas nos primeiros contactos entre portugueses e indígenas, sendo também retratado o discurso feito pelo Padre António Vieira aos Índios no período da descoberta do Brasil. Nesta divisão são apresentadas «centenas de palavras a cair do tecto, com um ambiente cénico bastante intimista», descreve Paulo Monteiro. O tráfico negreiro é retratado no Corredor da Escravatura, transportando o visitante para o ambiente vivido pelos escravos durante a época dos Descobrimentos. Perto do final, há uma sala dedicada à música, um dos factores mais marcantes na cultura do Brasil. Aqui, o visitante tem a oportunidade de contactar com a diversidade dos ritmos e sons que marcam a música brasileira, desde o samba à bossa nova.

Na sala dedicada aos produtos e bens característicos do Brasil será dado a conhecer a riqueza e diversidade de frutos e vegetais, como o feijão preto ou o cajú. Por último, no final da exposição haverá uma sala onde se salientará a ligação existente entre Portugal e Brasil. O novo espaço museológico, que, segundo a autarquia, será «um novo pólo de centralidade cultural e social», englobará ainda um centro de documentação, cafetaria, arquivo, entre outros serviços de apoio. A abertura deste espaço ao público tem lugar este domingo, dia do Concelho de Belmonte e também da festa em honra de Nossa Senhora da Esperança, que, segundo a tradição, acompanhou Pedro Álvares Cabral nesta viagem rumo ao Brasil.

Câmara celebrou protocolo com RTP

A autarquia de Belmonte e a RTP assinaram na última terça-feira um protocolo de parceria institucional para o Museu dos Descobrimentos. Num protocolo «que não tem implicações financeiras», como salientou o edil Amândio Melo, a RTP comprometeu-se, por exemplo, a disponibilizar material de arquivo para ser exibido no Museu, para além de fazer divulgação do equipamento que vai ser inaugurado este domingo. Em contrapartida, o logotipo da RTP estará bem visível à entrada do Museu e a estação pública será parceiro institucional do espaço.

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