A determinação da datação dos diferentes materiais, com especial destaque para os fósseis, é um técnica importante no enquadramento e construção de teorias e ideias acerca do que aconteceu anteriormente no nosso planeta. A datação estratigráfica é a mais utilizada de todas as técnicas de datação de fósseis. Trata-se, nas ciências geológicas, da sobreposição de sedimentos ou estratos em sítios como grutas, socalcos ou vales onde viveram hominídeos.
O princípio básico é muito simples: quanto mais profundo for um sedimento, mais antigo é comparativamente a outros sedimentos que surgem mais próximos da superfície. No entanto, existem muitos fatores que podem distorcer esta sequência, tanto devido à ação dos homens atuais como por derrubamentos, construções, furtos e outras ações que deterioram as fontes arqueológicas. Apesar disso, o método é muito utilizado, embora atualmente os vestígios encontrados também sejam submetidos a outras técnicas de datação, química ou física. No caso da estratificação de fósseis, sabemos que o aparecimento de vestígios de hominídeos segue uma evolução ordenada e verificável, e, consequentemente, qualquer fóssil pode ser reconhecido pelo seu nível de aparecimento. É o princípio da sobreposição dos estratos. Se os estratos rochosos se foram depositando sem interrupção, são denominados concordantes. Todavia, em muitos casos, a sedimentação, foi interrompida durante um lapso de tempo. Esta rutura no registo litográfico denomina-se descontinuidade ou lacuna estratigráfica. Quando isto se verifica, as rochas apresentam traços e não há depósito de sentimentos. No entanto, depois de um certo tempo, o processo volta a ser retomado.
Quando, no limiar do século XIX, foi demonstrado que os fósseis eram indicadores temporais, eles começaram a ser utilizados para correlacionar as rochas de diferentes regiões.
Conhecer a idade dos fósseis é uma ciência complexa. Pode determinar-se de forma relativa ou absoluta. Os fósseis são datados de forma relativa ou absoluta. Os fósseis são datados de forma relativa quando se compara um fóssil com outro e se estabelece se é ou não mais antigo do que o de referência. Para isso é preciso conhecer a ordem temporal em que ocorreram determinados acontecimentos.
A datação absoluta consiste em estabelecer com precisão a data de um fóssil em relação à nossa época. Para efetuar este cálculo utilizaram-se diversos métodos que foram evoluindo com o tempo e que hoje nos permitem datar com precisão a idade absoluta de um fóssil, embora para isso devam utilizar-se, não exclusivamente um, mas vários métodos ao mesmo tempo. Entre os métodos mais conhecidos figuram: o carbono 14, os isótopos radioativos tório-urânio, o potássio-árgon, os traços de fissão, a termoluminescência, a ressonância eletrónica de spin e o paleomagnetismo.
O carbono 14 é um isótopo do carbono 12, já que não passou 16 protões e 6 neutrões, como os carbonos comuns, mas 6 protões e 8 neutrões. O carbono, em forma de dióxido de carbono, é absorvido pelas plantas. Os tecidos das plantas e dos animais possuem uma proporção entre carbono 14 e carbono 12 igual à que existe na atmosfera terrestre. Quando morre um ser vivo, deixa obviamente, de incorporar carbono, e a proporção entre os dois isótopos começa a alterar-se, uma vez que o carbono 14 é instável, o que significa que não será carbono 14 para sempre. Esta irá diminuindo para metade e transformando-se em carbono 12, de forma lenta mas regular, durante um ciclo de 5568 anos. Transcorrido esse período, a metade do seu carbono 14 terá desaparecido para se converter em carbono 12, e passados 11 136 anos, a quantidade de carbono 14 inicial ter-se-á reduzido a um quarto, e assim sucessivamente.
O maior problema desta técnica é que não serve para datar fósseis com mais de 50 000 anos, uma vez que, passado esse período de tempo, ficam poucos átomos de carbono 14, e a sua medição é muito imprecisa. Presentemente utiliza-se espectrómero de massa de acelerador de partículas, que é capaz de medir com precisão números muito baixos de átomos, o que permitiu alargar o alcance da técnica até aos 45 000 anos, mas, na sua maioria, as amostras de fósseis são mais antigas, pelo que, nesses casos, é necessário recorrer a outros métodos de datação.
Por: António Costa