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Daniel Bessa admite recessão em 2011

Ex-ministro da Economia deu conferência na Guarda no dia seguinte ao anúncio de novas medidas de austeridade pelo Governo

Daniel Bessa considera que Portugal «mudou de regime» na passada quarta-feira com o anúncio de novas medidas de austeridade pelo Governo. Numa conferência na realizada Guarda no dia seguinte, o economista disse que acabaram também «alguns tabus» e avisou que temos que mudar de vida.

«Isto foi o fim de um desvario colectivo em que 10 milhões de criaturas pensavam que se podiam endividar à ordem de dois milhões de euros por dia durante 10 anos sem se preocuparem com as consequências», sintetizou Daniel Bessa na 19ª sessão dos Encontros Millennium, que decorreu no TMG. Perante meio milhar de pessoas, o ex-ministro da Economia contextualizou os acontecimentos e adiantou que já não tinha «muito tempo» para se decidir. «Bruxelas estava à espera de notícias e o FMI (Fundo Monetário Internacional) também queria saber se tinha que vir fazer o serviço», afirmou, desvalorizando o que dizem os protagonistas internos. «Isso é completamente irrelevante», garantiu. O professor da Escola de Gestão do Porto admitiu que sem estas medidas, a União Europeia teria decidido suspender os financiamentos a Portugal e libertado o Fundo de Ajuda «e, com ele, chegaria também o FMI».

Daniel Bessa sublinhou que, a partir de agora, é preciso mais concretização do que nos PEC anteriores, vendo como uma boa notícia o fim de dois «tabus» que têm condicionado a política económica nacional: «Os salários da função pública vão baixar, o que é mais obra do que aumentar o IRS, e serão reduzidas as transferências para as autarquias, isto sem ter sido necessária uma revisão constitucional», ironizou. No entanto, o economista admitiu que a nossa economia não vai escapar a uma recessão em 2011, enquanto o défice deverá agravar-se. «A boa notícia é que o financiamento ficará mais acessível», declarou, revelando que não se importaria de «pagar mais IRS» se for para isentar de IRC as empresas que investirem os lucros ou que apostem mais nas exportações. «É preciso um sinal no próximo Orçamento de Estado para a dinamização da economia», sugeriu, reconhecendo que já não é a política «a comandar as operações» em Portugal, mas sim as finanças.

Economista aconselhou os portugueses a «mudarem de vida»

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