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Da Astrologia

ASTROS NA ESCOLA

Tão longe quanto a minha memória me permite recuar, é na nossa casa do Barracão que me vejo. Minha mãe, com irrestrita veemência, pedia-me para repetir:”Bem-aventurados os que choram porque serão consolados”; “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados”; Bem-aventurados os que usam de misericórdia porque alcançarão misericórdia”; “Bem-aventurados…”

Não se tratava apenas, digamos, de um impertérrito optimismo, pois toda a grandeza postula uma infindável meditação. Desta destaco, tão-só, um tópico: o Homem está sempre para além do homem, o ser humano concreto podia chegar sempre para além do mais fagueiro dos sonhos. Há uma condição, há dezenas de séculos enunciada por Hesíodo: “Ante o mérito puseram os deuses o suor”.

Trabalhar para descobrir a Deus, porque, afinal, Deus revela sempre muito mais riqueza que o limitado humano pode enxergar. Em vez de Deus prefere o leitor que lhe fale de infinita Energia do Universo? De Infinita Inteligência do Universo? Seja: não há, nisso, quaisquer problemas.

O optimismo – irrestrito, irrenunciável, irrefragável – existe pela simples razão de que tudo se conecta com tudo, de que, na Natureza, não há hiato. A paisagem, humana, animal, vegetal, mineral, revela diferenças. Diferenças para o ser humano criado, não para o Criador, que, ao originar tudo, o fez com absolutamente sábio critério. …“Ante o mérito puseram os deuses o suor”, disse Hesíodo. O ser humano pretende tirar o partido máximo dos reinos animal, vegetal e mineral? – Pois que estude. Pretende tirar o máximo proveito da sua vida? – Pois que se capacite de que a sorte só existe no contexto social, que se capacite de que, ao sermos todos diferentes uns dos outros – irmãos incluídos – o estudo dos outros é a pedra basilar do sucesso. A Psicologia e a Morfopsicologia, v. g., são importantes? – Claro. Mas o mais importante é a Astrologia. Por ela sentimos que todo o humano é diferente de todo o humano, ou seja, que todos merecem (merecemos), à partida, igual respeito. É como se Deus nos tivesse dito: “Aturai-vos uns aos outros. É fatalmente assim, porque o Meu desiderato, ao fazer-vos todos diferentes, foi a obtenção da vossa harmonia pelo esforço pessoal. Estimulo-vos sem quaisquer tréguas, porque, na Natureza, de que sou o Autor, não há senão bondade. Porque vosso criador, sinto bem que sois capazes. Ligai-vos uns aos outros, porque tudo, todos, estão ligados, juntos, unidos; e a religião é isso. A magia do mundo está ao vosso acesso pela alteridade”.

Se a Astrologia tem, hoje, um prestígio crescente e incontestável – excepto para o doutoraço, “formado” pelo café, o periódico, o semanário, e tutti quanti – é porque, do Egipto e da Caldeia até hoje, percorreu um fabulosamente emocionante caminho e os obstetras e astrónomos concluíram, v. g. e respectivamente, que há muito mais partos nos períodos de lua cheia (a eloquente descrição disso já uma obstetra ma propiciou) e que a força da lua arrasta uma incontável quantidade de toneladas de água, tal qual o podemos sentir pelas preia-mares.

Ora, esta energia das forças planetárias rege, do mesmo modo, os ciclos emocionais humanos, e naturais, do ritmo dos astros ao apetite dos coalas pelas folhas de bambu.

Assim, se “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”, bem-aventurados igualmente todos nós, mesmo que sem iniciação religiosa, que, pela Astrologia, nos iniciamos no insuperável e excelso Mistério do Universo, nos iniciamos e aprofundamos em Deus, assim superando a própria Astrologia.

A este jornal, ao Sr. Director, claro, que teve a intuição de que, ao não já ser possível ignorar esta “matéria”, e, portanto, forçoso trazê-la para a ribalta, assim impregnando de religioso – no lídimo, estritamente etimológico sentido da palavra – mais do que uma circunscrita comunidade estudantil, a este jornal, seu Director e comunidade de docentes e discentes do nosso Liceu, os mais vívidos parabéns.

Pela minha parte foi uma honra prestar tão humilde colaboração.

por J. A. Alves Ambrósio

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