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Cuba livre

Editorial

1. Fidel Castro foi uma das figuras mais carismáticas do séc. XX. Assumiu o poder pela força das armas e só o largou meio século depois, entregando-o ao irmão Raúl. Para os seus “admiradores”, por todo o mundo, e em especial em Cuba, Fidel foi o revolucionário anticapitalista, que promoveu uma sociedade mais justa e igualitária. Morreu, mas venceu! Venceu o capitalismo.

Os românticos, mesmo os que não se revêm nas suas práticas opressoras e antidemocráticas, tratam-no carinhosamente por “El Comandante”.

Para os demais, Fidel foi um ditador.

Fidel Castro representou a revolução, a mudança, a solidariedade e a igualdade. Mas só em 1959. Porque a partir de então o regime foi sendo cada vez mais autoritário e opressivo, fuzilando adversários e sequestrando a liberdade.

Em nome da igualdade construiu um lastro de pobreza e infortúnio, de que muitos fugiram, milhares morrendo enquanto atravessavam o estreito da Florida. Os míticos cuidados de saúde (ao serviço dos estrangeiros, como os alentejanos e algarvios que lá foram operar cataratas) ou a icónica educação para todos serviu para muitos seguidores desculparem a brutalidade do regime por todo o mundo, mas aos cubanos serviu de pouco – vale de pouco saber ler quando um livro custa o triplo do salário do mês (como muito bem salientou Diogo Queiroz de Andrade no “Público”). A história não esquecerá os crimes de Fidel, ainda que muitos, levianamente e romanticamente, não queiram ver a mordaça cruel e despótica do regime.

2. O anúncio no Dia da Cidade da Guarda do lançamento do projeto dos passadiços do Mondego é uma opção interessante de valorização ambiental e aposta turística. Soa a proposta eleitoral e pode ser visto como uma “moda” – o Passadiço do Paiva (oito quilómetros de deslumbramento na natureza), onde o sucesso advém também da localização (distrito de Aveiro) e do “selo” da Unesco sobre o geoparque como Património Geológico da Humanidade; o Passadiço do Alamal, quase desconhecido do grande público, mas uma Meca para os amantes do ar livre que ali disfrutam do melhor das margens do Tejo e da beleza impressionante do castelo de Belver; o Passadiço de Sistelo (Serra da Peneda) com a sua natureza agreste… – mas é um projeto relevante cuja execução permite um novo olhar sobre o aproveitamento do potencial endógeno para fins turísticos e de lazer.

3. Elon Musk mostrou interesse em instalar uma fábrica da Tesla na Europa e já recebeu propostas de quase todos os países. Os portugueses querem convencê-lo a vir para cá e o presidente da Câmara da Guarda manifestou interesse e apresentou argumentos para atrair a segunda Gigafactory da marca americana; a comunidade tecnológica, o governo e o AICEP também e em Viana do Castelo até já dizem que estão «a liderar o processo»…. Mas entretanto terão de “enfrentar” as propostas que Espanha, Holanda, França e alguns países da Europa de Leste também já terão feito chegar a Musk.

Mas, ainda que a Tesla não avance com nada, nem na Guarda, nem em outro sítio qualquer, é bom que as cidades portuguesas, e neste caso a Guarda, se posicionem estrategicamente na disputa por investimentos. O anúncio do presidente da Câmara da Guarda tem dois fortes predicados: um político (em reposta aos que reclamam por empresas e emprego), o outro de visibilidade nos canais de investimentos empresariais. Os Tesla são carros elétricos de grande velocidade, mas a eventual decisão é muito lenta e não deverá chegar antes de 2018, mas quem se posiciona na plataforma de atração de financiamento empresarial leva vantagem e pode aproximar da região outros negócios, empreendedores ou industriais.

Luis Baptista-Martins

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