A delegação da Guarda da Cruz Vermelha vai promover, em meados de Março, uma campanha de angariação de fundos para a reparação das suas duas ambulâncias. O peditório está programado para os dois fins-de-semana que antecedem a Páscoa e é uma das várias iniciativas agendadas para 2008 para apelar à solidariedade dos guardenses, cujo apoio continua a ser imprescindível.
«Faltam os recursos humanos, materiais e financeiros», adianta o major-general Herculano Soares Martins, presidente da comissão administrativa que gere a delegação. Estes últimos são mesmo o «”calcanhar de Aquiles”» da Cruz Vermelha da Guarda, cujo orçamento – pouco mais de 67 mil euros – é maioritariamente suportado pelo subsídio da Câmara. O resto vem de donativos e das receitas geradas pela prestação de serviços de saúde. «Temos cerca de mil sócios, mas apenas 200 pagam quotas», acrescenta o responsável. Actualmente, a instituição conta com três funcionários a tempo inteiro e 70 voluntários, sobretudo enfermeiros, que «têm feito um trabalho altamente meritório», reconhece Soares Martins. Em termos de meios, dispõe de duas ambulâncias, com cerca de 13 anos, tendo entrado ao serviço mais uma na passada sexta-feira.
É com estes recursos que o dirigente tenciona aumentar as actividades desenvolvidas. O «público-alvo» são as pessoas carenciadas, os sem-abrigo, idosos, mulheres vítimas de violência doméstica e crianças em risco. A delegação vai ainda assumir a distribuição de excedentes alimentares por famílias carenciadas, no âmbito de uma candidatura a um projecto da Segurança Social. Os serviços médicos e de enfermagem mantêm-se, mas a novidade deste ano é a prestação de pequenas tarefas domésticas graças ao recurso a canalizadores, marceneiros e electricistas voluntários, entre outros. «Também precisamos de motoristas, médicos, economistas ou sociólogos», sublinha Soares Martins, no cargo desde Julho de 2007. A Cruz Vermelha quer ainda criar um gabinete de aconselhamento a imigrantes e minorias, além de incrementar a formação na área do socorrismo.
Neste âmbito, está na calha o arranque do projecto da “escola de socorristas infantis”, que consiste na distribuição de folhetos sobre esta temática e em acções de formação no ensino básico da cidade e concelho. Segundo o dirigente, a delegação tem «sentido a crise e os seus efeitos nas pessoas», enquanto o vice-presidente, Nogueira Ribeiro, considera que a sociedade vai perdendo «cada vez mais o sentido da solidariedade». Em 2007, a delegação da Guarda distribuiu dezenas de brinquedos, quatro cabazes de Natal a famílias carenciadas e cerca de 10 mil peças de roupa e calçado. Na área da saúde foram prestados cuidados a 56 pessoas e rastreadas gratuitamente 210. O serviço de ambulância efectuou 546 saídas, percorrendo mais de 102.500 quilómetros.
Luis Martins
