Sou completamente apartidária. Nem simpatizante sou. Estou atenta ao panorama politico português, tento manter-me minimamente informada e voto segundo os meus critérios . Mas o mundo da politica está tão distante do meu!! E é à porta das eleições, sejam elas quais forem, legislativas, autárquicas, presidenciais, que os nossos mundos cada vez se distanciam mais.
Em primeiro lugar começo logo a pensar nos milhares de euros gastos nas campanhas e fico horrorizada com o desperdício, depois a própria campanha em si, os slogans, os outdoors, as bandeiras, as canetas e aventais oferecidos na praça ao sábado de manhã, as musiquinhas e os próprios gestos, as mão levantadas dos candidatos “PS! PS!” “ PSD! PSD!” – só para falar nos mais representativos – nem me dou ao trabalho de continuar que me cansa.
E depois o ridículo dos candidatos, que cantam, dançam, beijam toda a gente e sabe-se lá que malabarismos fazem para apelar ao voto sempre com uma trupe atrás de si, a rir quando supostamente é para rir, a acenar que sim ou que não com a cabeça conforme dá jeito ao seu candidato e depois, claro está, é vê-los na bancada do parlamento a ovacionar um irritante “muito bem” com sotaque lisboeta! Aqueles que têm mulheres, aparecem com as ditas em poses de actrizes principiantes de novelas, com aquele ar natural do “onde- é- que- eu-me- vim- meter, tirem-me –deste- filme”, a desejar bom natal, bom fim de ano ou boa páscoa e claro abanando a cabecita em afirmação com a lucidez das assertivas palavras do seu homem futuro qualquer coisa.
Odeio campanhas eleitorais, confesso. É das coisas mais asquerosas e deprimentes que assisto na vida política e claro que nasce em mim uma vontade enorme de não votar. Mas cumpro o meu dever cívico, já o disse. E não concordo nada com o meu Bastonário que apela a uma greve ás eleições, seria pior a emenda que o soneto!!
Por isso voto, com a liberdade de quem não deve nem espera favores.
Com o objectivo de que a situação caótica do meu país possa melhorar com novos rostos e nova governação, mas depois vêm as sondagens com aquelas margens ridículas e eu pasmo de estupefacção e concluo com os meus botões: “ Não percebes mesmo nada de política”.
E ainda bem!
Por: Carla Freire