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Crónica de um Enxovalho

Crónica Política

Há dias fui surpreendido com uma notícia com o seguinte título: “Presidente da Câmara anuncia que mudança dos serviços para o «novo» hospital será até final de Maio”.

Já há muito se percebeu que Vasco Lino, o presidente nominal da ULS da Guarda, manda tanto naquela casa como um bispo numa mesquita. Desde a revelação do seu colorido registo criminal, Vasco Lino deixou de estar nas boas graças de Lisboa e só não foi imediatamente demitido por Paulo Macedo por este estar ainda a lamber as feridas provocadas pela tumultuosa queda de Ana Manso, que ocorrera menos de um ano antes.

Alguns dos complicados dossiers da instituição, com que Vasco Lino não teve coragem nem envergadura para lidar, agravaram a anarquia em alguns serviços e pioraram a sua já debilitada imagem junto da tutela, e do próprio PSD local.

Não foi por acaso que na recente inauguração de um centro de saúde do distrito, quem fez as despesas da praxe foi outro membro da administração. Dizem as más-línguas que Paulo Macedo não quis arriscar ser fotografado ao lado de um condenado…

Também não foi por acaso que Álvaro Amaro já percebeu que tem um «cabo raso» ao serviço dos seus interesses. Conhecedor dos meandros de alguns dos conflitos e problemas que devastam internamente a ULS, Álvaro Amaro não perdoou. Saltou da crista da onda provocada pela conquista autárquica que lhe caiu do céu e aproveitou para surfar na esteira da incapacidade e da incompetência de Vasco Lino para lidar com a situação.

Como se viu pelo título a que me referi, é ele, hoje, o verdadeiro presidente da ULS. Álvaro Amaro vai querer liderar tudo o que dê projeção, já que a que deixou por Gouveia foi nada e coisa nenhuma.

O que me espanta, perante tudo isto, é que Vasco Lino se queira manter no cargo e, pior, colaborar de forma submissa aos ditames de Álvaro Amaro.

Que o ministro não queira dar o braço a torcer e reconhecer que os contestatários de Vasco Lino tinham razão, até percebo. Que o PSD local assista envergonhado a este triste espetáculo, também percebo. Que o PS local não diga uma palavra sobre o embaraço da situação, sobretudo depois das recentes e humilhantes condenações de Fernando Girão, percebo igualmente. É tudo gente com telhados de vidro…

O que me espanta, perante tudo isto, é que Vasco Lino se queira manter no cargo, depois de ter sido exposto ao ridículo da revelação de um passado pouco recomendável que tentou esconder.

E menos compreendo as razões para os outros membros do conselho de administração continuarem a fazer parte do circo.

Recordo-me de um ex-presidente americano ter dito um dia que um lavrador de pé é maior que um fidalgo de joelhos. Por isso, eu, no lugar de Vasco Lino, preferia ir plantar batatas a ser tratado desta maneira. O que, pelos vistos, não é para todos.

O atual conselho de administração da ULS, para mal da Guarda, vai conseguir ultrapassar o burlesco a que desceram os anteriores. Vai provar que quando julgamos que algo não pode descer mais baixo, desce mesmo. Vai fazer com que até Álvaro Amaro seja visto de forma diferente aos olhos do povo! É caso para se gritarem hossanas, do tipo “ah, grande Vasco Lino”!

Tudo vai ser feito para agradar a Álvaro Amaro e, possibilitar que no dia 10 de junho de 2014, o amigo e «padrinho» Cavaco possa descerrar mais uma placa com o seu nome no Hospital da Guarda.

Só que Vasco Lino ainda não percebeu que «Roma» não perdoa!

O que fará correr este homem, de quem um dia na Guarda se dirá sobretudo que poucas pessoas foram tão enxovalhadas diante de tanta gente?

Claro que cada um só tem o enxovalho que merece. Mas ainda assim, dizem-nos as boas «etiquetas» que devemos ter pena dos mais fracos. Seja lá o que isso for, ali para os lados da ULS.

«Roma» quererá saber «Quo Vadis, Vasco Lino?». Vasco Lino não terá resposta, apenas se limitará a ficar na foto, a preto e branco, em plano muito secundário, com os despojos dos muitos ajustes diretos para, mais uma vez, agradar aos mandantes. Depois, cairá o pano e restará a placa. Até um dia, alguém perguntar que fez correr tanto o condenado para a forca.

Por: Jorge Noutel

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