António Capucho critica modelo apresentado pelo Governo, mas também Miguel Relvas, que diz não ser «a pessoa certa» para lidar com as autarquias.
Os critérios propostos pelo Governo para a extinção de freguesias são «um disparate completo», considera o social-democrata e ex-autarca António Capucho, para quem também a carta enviada pelo ministro dos Assunto Parlamentares e das Finanças aos autarcas sobre as dívidas dos municípios é uma «palhaçada».
«De repente, aparece uma norma, que é a que está na proposta de lei, completamente cega, que corta ao meio. Se tem seis, passa a três. Se tem 18, passa a nove. É um disparate completo», afirmou hoje o antigo presidente da Câmara de Cascais em entrevista à Antena 1. António Capucho defende ainda que, no caso das zonas rurais que estão «a uma distância brutal da capital do concelho», o Executivo revelou «muito pouca cautela» e explica porquê: «Se podemos acabar com freguesias urbanas, no interior do país é muito complicado, nalguns casos, cortar freguesias que perderam tudo, a escola, o centro de saúde, os correios».
O atual presidente da Fundação D. Luís I questiona ainda as razões que levaram o Governo a manter o PS à margem desta reforma. «O Estado está lá apenas na junta de freguesia, que está a uma distância brutal da capital do concelho, e portanto esta lei, assim, não faz sentido, não vai ser consensual. O PS, evidentemente, não a pode votar», disse. António Capucho declarou ainda que o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, «não é a pessoa acerta» para lidar com as autarquias.
«Não gosto nada da maneira como ele está a tratar as autarquias, nomeadamente esta última carta [a pedir às autarquias para revelarem as dívidas] que ele escreve com o ministro das Finanças é uma vergonha autêntica, embora o fundamento para a carta exista», disse. De resto, revelou ter gostado de ouvir Fernando Ruas, presidente social-democrata da câmara de Viseu e da Associação Nacional de Municípios, «criticar e questionar o governo sobre esta palhaçada de Relvas».