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Crise corta a corrente ao Natal na Guarda

Câmara não vai contratar iluminação natalícia para as ruas comerciais do centro da cidade alegando «contenção de despesas»

A Guarda não vai ter iluminação de Natal por causa da crise. A Câmara já descartou a sua instalação nas principais ruas comerciais da cidade devido à «contenção de despesas», mas recorda que isso «não quer dizer que o serviço não possa existir por iniciativa dos comerciantes, por exemplo». Uma possibilidade já descartada, até porque esta a iluminação natalícia «não é candidatável aos apoios disponíveis», adiantou fonte da Associação Comercial.

No ano passado, este tipo de decoração custou cerca de 65 mil euros ao município e abrangeu apenas as ruas do centro urbano, com destaque para a Praça Velha, onde foi colocado um enorme pinheiro feito de luzes. Desta vez, a Câmara optou por não contratar este serviço, justificando a decisão pela redução de custos. «No entanto, estão a ser concertados esforços com outras instituições para realizar um programa de Natal que permita marcar a quadra e promover as dinâmicas comerciais tão desejadas, em particular nesta altura. As actividades que estão a ser programadas têm custos diluídos nas actividades habituais das instituições parceiras», refere a vereadora Elsa Fernandes. De resto, está prevista para segunda-feira uma conferência de imprensa de apresentação das actividades previstas no centro urbano para este período. «Há propostas de animação, mas também de cariz social e outras iniciativas», adianta António Saraiva, director da Agência para a Promoção da Guarda (APGUR), um dos principais parceiros da Câmara nesta tarefa.

Quem não está muito satisfeito com a decisão são os comerciantes do centro da cidade. Aníbal Pinto, proprietário de uma sapataria na Praça Velha, lamenta «bastante» a falta das luzes natalícias. «Embora nos anos anteriores já tenha sido uma coisa pequena, agora, se não se coloca nada, acho muito mau, principalmente para o comércio tradicional», critica, considerando que «é sempre um chamariz para os clientes» e que, nesse período, até há mais afluência às lojas do centro da cidade. «O que vai acontecer é que as pessoas vão optar pelo centro comercial, onde há decoração e mais elementos alusivos ao Natal», receia. Também António Gonçalves, dono de uma loja de roupa e de uma ourivesaria na Rua do Comércio, avisa que a opção «não é benéfica para o comércio, nem para a cidade». O empresário refere que a Guarda tem «alguns problemas de vivência por causa do clima, é uma cidade triste no Inverno, pelo que esta época devia ser animada e a iluminação de Natal seria uma forma de providenciar essa sensação. Sem ela, o Natal fica triste e o comércio vai ressentir-se», avisa.

Mais compreensivos parecem ser os clientes abordados por O INTERIOR. Ana Morgado, por exemplo, ouviu falar que o país «está quase na falência» e entende, por isso, que é preciso poupar: «Não deve ser de mais nem de menos», afirma, acrescentando que «pouca iluminação também é mau», pois «uma rua iluminada a preceito é bem mais atractiva». Já Cátia Camurça acha bem que não haja iluminação de Natal devido à crise. «Penso que não terá efeitos, porque, dada a época, toda a gente faz compras. Não me parece que a iluminação influencie o facto das pessoas comprarem mais ou menos», sublinhou. Na Covilhã, a autarquia admite gastar este ano cerca de cinco mil euros – 10 por cento do investimento de 2009 – na iluminação de Natal, que vai concentrar nas ruas com mais tradição comercial e na zona central.

Opiniões:

Olga Monteiro, comerciante: «Acho mal, porque a cidade perde muito com isso e o comércio também. É como se não decorássemos o pinheiro, é uma parte do Natal que falta. Podemos estar em crise, mas o Natal não é todos os dias. Além de que as luzes chamam gente, como as decorações nas lojas. Sem isso, as pessoas não têm tanta aptidão para comprar e isso é importante, porque o comércio precisa de vender para continuar».

Joana Brás, cliente: «Não é muito bom não haver iluminação de Natal, porque não se mostra o espírito da época. Mas um exagero de luzes também é mau, pois estamos a gastar electricidade e estamos em tempo de crise».

Luis Martins No ano passado, a iluminação custou cerca de 65 mil euros

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