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Criança agredida por colegas na escola

Jovem de apenas 12 anos era vítima de “bullying” desde o início do ano na Secundária Afonso de Albuquerque

Podia ser mais um dia de aulas para a Sofia (nome fictício), mas não. A tarde do passado dia 13 tornou-se num autêntico inferno para a aluna de apenas 12 anos, violentamente agredida por seis colegas de turma em pleno corredor da Escola Secundária Afonso de Albuquerque, na Guarda.

Tudo terá começado no intervalo entre duas aulas. Segundo a mãe, Sofia terá ido buscar a mochila ao corredor onde tem o cacifo quando «seis colegas começaram por tentar tirar a mochila, depois puxaram pela minha filha, que ainda foi empurrada e acabou por cair ao chão». A jovem recorda-se que um deles lhe pôs o pé em cima enquanto os outros a agrediam com pontapés nas costas. «Como tentava proteger a cara com as mãos e estava aterrorizada, não conseguiu ver quem a agrediu. Como se não bastasse, ainda lhe agarraram a cabeça, onde tem um hematoma», conta, revoltada, Júlia (nome fictício). Depois de agredida, Sofia acabou por ser levada ao hospital pela directora de turma, que, segundo a mãe, terá também apresentado queixa na PSP e exposto o caso ao Conselho Executivo da escola. A mãe recorda que «há muito tempo» que Sofia pedia para sair da escola, queixando-se que era sujeita a uma pressão muito grande e não era aceite pela maioria dos colegas da turma.

«Dizia-me quase diariamente que a insultavam e empurravam, mas eu dizia-lhe para ela se tentar defender. Nunca imaginei que pudesse sofrer um ataque tão violento», refere. A jovem ingressou este ano lectivo numa das turmas do 7º ano do liceu e, segundo a mãe, tem sido, desde o início, “alvo” de maus-tratos psicológicos por parte dos colegas. «És pequenina, não prestas para nada, és feia, és magra, tens asma porque não acreditas em Deus e estás a ser castigada, são algumas das sequências de violência psicológica que a minha filha tem sofrido», conta. Júlia adianta que esta hostilização apenas era feita por um colega, pelo que acredita que o comportamento dos restantes cinco agressores aconteceu por «arrastamento». Contudo, considera que as agressões físicas foram «despropositadas e anormais». Isto porque, Sofia sempre foi pacata e sossegada, sendo apontada na turma como uma boa referência em termos de comportamento, motivo que Júlia acredita também ter estado na origem destes «ataques violentos».

Inconformada com o sucedido, a mãe já pediu explicações ao Conselho Executivo, de onde saiu sem qualquer tipo de informação. «Foi uma turma seleccionada e dá-me a sensação que a minha filha deve ter ido para lá por engano», afirma revoltada. Como é um grupo de bons alunos, Júlia não compreende estes comportamentos «tão agressivos». Mas nem por isso desiste de levar o caso à Justiça, «para que mais casos destes não se repitam». No entanto, queixa-se de estar a ser ameaçada pelos pais dos colegas da sua filha, o que não vai impedir de avançar com uma queixa-crime. Até porque esta não será a primeira agressão entre alunos da Afonso de Albuquerque. Entretanto, a pequena Sofia continua a ir à escola, apesar do «medo constante». O INTERIOR tentou obter mais esclarecimentos junto do Conselho executivo, porém, o presidente, António Soares, não se mostrou disponível para prestar declarações dizendo que «é um assunto interno».

Os predicados de uma potencial vítima

O “bullying” consiste numa violência física e/ou psicológica consciente e intencional exercida por um indivíduo ou um grupo sobre alguém incapaz de se defender e que, em consequência de tal agressão, fica intimidado, podendo ver afectadas a segurança, auto-estima e personalidade. Ser recém-chegado a uma escola e ter ali poucos amigos é uma das características de muitas das vítimas. Ser tímido, possuir uma diferença óbvia, como ser muito gordo ou muito magro, ter necessidades educativas especiais ou deficiência ou pelo simples facto de comportar-se de forma considerada imprópria, ser maçador ou intrometido são factores que fazem de um jovem uma potencial vítima.

Tânia Santos

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