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Crescimento e emprego

Crónica Política

Portugal vive hoje um tempo novo. Feito de esperança e vontade de vencer. Três anos após a eminência de bancarrota, que trouxe, pela terceira vez ao país, o FMI e as instituições europeias, libertados agora da tutela da “troika”, a nossa economia começa a apresentar importantes indicadores.

O crescimento económico de 0,9%, os excedentes comerciais, a diminuição do desemprego, o controlo do défice orçamental, a contínua descida das taxas de juro permitem que o contexto em que nos encontramos reclamem do Governo e dos partidos políticos soluções credíveis para um tempo novo de crescimento e emprego, sem prejuízo de um controlo vigilante do défice da dívida, pois Portugal não aguentará um novo resgate a médio prazo.

Também para as autarquias locais é o momento do desafio deste tempo novo e emergente. Depois das últimas eleições autárquicas estamos perante a terceira geração de eleitos locais desde o 25 de abril de 74. Os objetivos do país, na ótica dos instrumentos de política nacional e regional, tal como foi formatado o novo quadro comunitário, desafiam os poderes locais a fortalecer o tecido empresarial local na procura do desenvolvimento, do crescimento e do emprego. O desenvolvimento económico das regiões, a par de uma nova política de reordenamento do território, constitui a derradeira oportunidade de combater a desertificação do interior.

Neste contexto, depois de um ano e três meses de mandato autárquico, é já interessante ver como algumas autarquias compreenderam os sinais dos tempos. Quer o município da Guarda, quer o de Pinhel são boas surpresas nas dinâmicas territoriais pela promoção de iniciativas que visam o emprego e a animação do tecido empresarial. Existem, naturalmente, boas iniciativas noutros municípios, mas é inegável a maior dinâmica daquelas autarquias.

Não e possível, porém, continuarmos a somar boas iniciativas locais sem ter uma visão de conjunto da região.

É necessário identificar a melhor estratégia, reunir apoios, concretizar projetos com escala, pois de outro modo vai ser difícil para os territórios do Norte do distrito equilibrarem uma região que pode pender para o eixo Fundão-Covilhã-Guarda. Neste contexto, é necessário elevar o nível da exigência com que olharemos e vigiaremos as políticas nacionais e locais.

Num tempo que também é de incerteza no contexto europeu, não deixa de ser paradigmático olhar para as autarquias do distrito e reconhecer duas maneiras bem diferentes de olhar duas realidades que se confrontam. De um lado as autarquias socialistas cuja atuação privilegia os eventos, a festa, na ótica do encontro e da proximidade com as pessoas, e de outro as autarquias do PSD que privilegiam a economia, o investimento empresarial, a criação de emprego.

De um lado a preocupação da sociabilidade, do outro a preocupação com a competitividade.

Não é mais, afinal, do que a tradução da ideologia subjacente aos principais partidos políticos portugueses. Talvez por isso se compreenda como o PS é tão afetivo com os gregos e o PSD/PP com os alemães.

Por: Júlio Sarmento

* Antigo presidente da Câmara de Trancoso e ex-líder da Distrital da Guarda do PSD

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