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Cresce número de idosos a viver sozinhos e isolados no distrito da Guarda

Primeiros dados da operação “Censos Sénior” da GNR, que terminou no sábado, apontam para um crescimento de 10 por cento relativamente ao ano passado

A GNR sinalizou este ano mais idosos a viverem sozinhos ou isolados no distrito da Guarda. Num balanço provisório da operação “Censos Sénior 2014”, que terminou no sábado, o major Cura Marques, do Comando Territorial, adiantou aos jornalistas que as patrulhas detetaram 2.650 idosos nessas condições, «mais cerca de 10 por cento comparativamente ao ano passado, quando tinham sido registados 2.418».

Para este aumento, o oficial apontou vários fatores, como a diminuição da população nas aldeias e o aumento do patrulhamento da GNR, o que tem permitido «chegar a mais pessoas». Para Cura Marques, «as aldeias e as quintas têm cada vez menos gente e isso aumento o número de pessoas em risco», acrescentando que «já conhecemos alguns casos» e nestas ações «vamos sempre à procura de mais pessoas». Para evitar burlas e apelar à adoção de medidas de segurança, a GNR tem contactado os idosos que vivem sós e em sítios isolados a quem distribuiu calendários com conselhos e com os números de telefone para onde devem telefonar em caso de emergência. Os dados foram revelados na passada sexta-feira durante uma ação de sensibilização realizada numa quinta da freguesia de Aldeia do Bispo, a uma dezena de quilómetros da Guarda. A missão coube aos guardas António José Varandas e Raquel Fernandes, que alertaram os moradores para a importância de adotarem medidas de segurança e evitar burlas.

Esta é uma das poucas visitas de Maria de Lurdes Rodrigues, de 66 anos, que vive sozinha. «Além da família, do padeiro, duas vezes por semana, e da GNR, não vem mais ninguém», refere a idosa, que admite sentir-se «mais foita» com a sua presença. «Eles [GNR] também me apoiam e fico um bocado mais tranquila. Mas se tiver algum problema ligo para filha ou para o genro», acrescenta. Contudo, nestas deslocações, a GNR entrega os contactos diretos do posto mais próximo para onde devem telefonar em caso de emergência. Os guardas deixam ainda conselhos de segurança: «Devem evitar contactar estranhos e pedir ajuda a alguém do seu conhecimento, chamar os vizinhos e a GNR. Estamos sempre disponíveis e vimos logo porque a presença da patrulha é dissuasora», sublinhou Cura Marques.

Manuel Rodrigues, de 80 anos, também agradece estas visitas da autoridade e as suas recomendações até porque no passado já ajudou a vizinha quando os amigos do alheio quiseram levar algumas alfaias agrícolas. «Deviam vir mais vezes porque era sinal que estávamos mais seguros», afirmou, contando que certa vez «vieram aí uns piratas e atiraram uns arados de ferro para o caminho para os levarem, mas a minha vizinha telefonou-me e eles fugiram assim que viram o carro». Com os dados recolhidos, a GNR informa entidades parceiras, como a Segurança Social ou os serviços de saúde, com o objetivo de «procurar melhorar as suas condições de vida, ou então aumentar o número de vezes que passamos por estas quintas», referiu o major Cura Marques.

Luis Martins Patrulhas dão conselhos de segurança e os contactos a usar em caso de emergência

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