Arquivo

Credores decidem pela liquidação da Toiguarda

Trabalhadores, bancos e fornecedores reclamam 20 milhões de euros, mas património da empresa é «manifestamente insuficiente» para saldar créditos

Os credores decretaram, anteontem, no Tribunal da Guarda, o encerramento e a liquidação da Toiguarda por considerarem que a empresa de comercialização de automóveis já não tem condições para retomar a atividade. É mais uma peça do “puzzle” económico do grupo Plataforma SGPS, liderado pela também insolvente Gonçalves e Gonçalves, a cair.

Na primeira Assembleia de Credores da Toiguarda, declarada insolvente em setembro, a principal sala de audiências do tribunal foi pequena para receber tanta gente, inclusive Nuno e Rui Gonçalves, principais administradores das empresas do grupo. Nesta sessão ficou a saber-se que foram reclamados 20 milhões de euros de créditos por trabalhadores, fornecedores, bancos e Segurança Social. Mas também que o património «conhecido e existente» da empresa «é manifestamente insuficiente para pagar os créditos», disse na audiência o administrador da insolvência, Luís Gonzaga, a quem cabe agora confirmar ou não todos os créditos reclamados, avaliar os ativos e fazer depois o rateio de credores. Anteontem, foram também levantadas algumas dúvidas sobre determinados contratos hipotecários a favor de entidades bancárias sobre as áreas de serviço na A25 e as instalações da Toiguarda em Vale de Estrela.

Tudo porque Jorge Pereira, advogado de Carlos Trindade, ex-trabalhador, considera que as hipotecas a favor do BPI e BCP, num montante superior a 4,5 milhões de euros, não são válidas «por as garantias em causa se reportarem a obrigações que já existiam e foram prestadas nos seis meses anteriores ao início do processo de insolvência» do ex-concessionário da Toyota para o distrito da Guarda e Cova da Beira. Por esse motivo, o advogado apresentou um requerimento em que solicita ao administrador da insolvência que junte aos autos os referidos contratos numa próxima Assembleia de Credores de forma a esclarecer a situação. É que se os contratos hipotecários forem considerados resolvidos, os imóveis em causa revertem para a massa falida e o resultado da sua venda poderá servir para liquidar alguns créditos dos credores comuns, consoante o rateio estabelecido.

Ao que tudo indica, esta será a questão-chave deste processo, pois «o que vale dinheiro são os imóveis da insolvente», disse a O INTERIOR um representante de um banco que pediu para não ser identificado. A insolvência da Toiguarda foi decretada no início de setembro após a empresa ter admitido encontrar-se insolvente na primeira audiência da ação movida por um antigo trabalhador. Face a esta sentença, a administração decidiu fechar portas, deixando pouco mais de quatro dezenas de trabalhadores no desemprego. Além da Toiguarda, também a Gonçalves e Gonçalves foi declarada insolvente, tendo os principais credores – os bancos – interposto várias ações judiciais de execução contra o grupo Plataforma SGPS e suas empresas, caso dos antigos concessionários de automóveis CDV, Garagem D. José e Auto Estrela.

Luis Martins Toiguarda foi declarada insolvente em setembro

Credores decidem pela liquidação da
        Toiguarda

Sobre o autor

Leave a Reply