Os credores da Têxteis Evaristo Sampaio, uma das últimas empresas têxteis do concelho da Guarda, aprovaram recentemente o plano de recuperação da fábrica que emprega 52 trabalhadores e labora na freguesia de Trinta, outrora conhecida por “aldeia dos têxteis e da luz”, como anuncia uma velha placa à entrada da localidade.
Segundo o administrador Paulo Romão, o plano de recuperação foi aprovado «por 81,9 por cento dos credores», mas a sua entrada em vigor ainda não transitou em julgado no tribunal. «Com este voto de confiança, os credores consideram que a empresa é viável e tem condições para se manter», acrescentou o responsável. Esta decisão implica ainda a recondução da atual administração, que reúne «as melhores condições» para a viabilização da Têxtil Evaristo Sampaio. A unidade não tem salários em atraso, nem dívidas a fornecedores, à Segurança Social ou ao fisco, «apenas à banca» num montante que o administrador não quis revelar e que se pretende agora renegociar.
A empresa tem estado em “lay-off” desde 2014 em consequência da redução do volume de encomendas, o que implicou que cerca de 30 operários tivessem que ir para casa até haver condições para a laboração retomar a velocidade de cruzeiro. Contudo, ao que O INTERIOR apurou, recentemente a Segurança Social não aprovou a segunda extensão da “lay-off” em relação a 20 trabalhadores cujos contratos estão suspensos, sendo que a administração da empresa e a Segurança Social desconhecem neste momento o seu futuro em termos laborais. Fundada em 1940, a “Evaristo Sampaio” dedica-se ao fabrico de têxteis laneiros, transformação de lãs, fibras, fios e produção de mantas e cobertores destinados ao mercado fina, sendo uma das poucas unidades têxteis que ainda operam no concelho da Guarda e que resistiu à crise do setor na freguesia dos Trinta.
Em maio de 2008, cerca de 100 trabalhadores de duas das quatro fábricas a laborar na localidade – a Efilã e a Jopilã – pediram a suspensão dos contratos de trabalho, numa altura em que contabilizavam dois meses de ordenados em atraso. Estas fábricas acabaram por fechar, sobrando apenas a Têxteis Evaristo Sampaio e a Serralã, que na altura empregavam cerca de 200 trabalhadores, para fazerem jus à tradição da terra.
Luis Martins