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Covilhã luta pela maternidade

Eventual perda do bloco de partos está a originar onda de contestação na cidade

A possibilidade da Covilhã vir a perder a sala de partos está a originar uma onde de contestação na “cidade neve”. Carlos Pinto foi o primeiro a insurgir-se contra essa eventualidade na última sexta-feira, na reunião pública do executivo, que aprovou por unanimidade uma moção de protesto contra o possível encerramento do serviço. O texto será enviado ao primeiro-ministro, ao ministro da Saúde, aos responsáveis da Administração Regional de Saúde de Castelo Branco e ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira.

«Não aceito, nem imagino que os covilhanenses não possam nascer na Covilhã», disse Carlos Pinto, deixando bem claro que «não aceitará nenhuma razão» para justificar o encerramento da maternidade. O autarca ameaça mesmo «mobilizar a população» para a praça pública contra essa medida governamental. Uma acção que já começou entretanto a ser visível desde a última segunda-feira, com a colocação de uma tarja na fachada dos Paços do Concelho contra o encerramento da maternidade. As preocupações do edil surgem porque terá «informações preocupantes» de que será a maternidade covilhanense a “fechar as portas”. Um cenário que o autarca rejeita de todo, até porque, na sua opinião, seria um «retrocesso civilizacional» que prejudicaria «gravemente» o desenvolvimento e o futuro do concelho. «Não andaram aqui a trabalhar gerações para que a Covilhã estivesse à frente no que respeita a diversos equipamentos, nomeadamente para as mulheres terem os seus filhos com condições de segurança e conforto, para agora o Governo mandar encerrar», sublinhou o autarca, avisando que não aceita que a sua cidade fique sem a maternidade «sob qualquer pretexto», mesmo técnico.

Além de que seria «inadmissível» formar médicos da Faculdade de Ciências da Saúde num hospital sem maternidade, depois de todo o investimento feito no CHCB em meios humanos e técnicos. A verificar-se o fecho do bloco de partos do hospital local, Carlos Pinto ameaça «tomar decisões pessoais», mas não especifica quais. No entanto, fica “no ar” o abandono da autarquia covilhanense, tal como já tinha afirmado em Outubro passado, quando o assunto esteve também em voga. Por isso, o edil pede «coerência» ao Governo, nomeadamente a José Sócrates, que em 2004 – enquanto deputado na Assembleia da República – apresentou um requerimento com algumas interrogações sobre as alternativas em caso de encerramento das maternidades da Covilhã e Castelo Branco. «A Covilhã não vai aceitar bocadinhos, nem restinhos. A nossa posição é fechada e não há negociações», ameaça. Apesar de ter aprovado a moção, Serra dos Reis desdramatizou o assunto, afirmando ter informações de que a cidade vai «continuar a ter maternidade». O vereador do PS disse mesmo tratar-se de «informações de confiança».

Também a concelhia do PCP já manifestou o seu «repúdio» quanto ao eventual encerramento da maternidade covilhanense, acusando o Governo de estar a tomar medidas «puramente economicistas». Para os comunistas, esta medida, a concretizar-se, é «um atentado grave ao direito à saúde», acusando o Governo de estar a tentar «dividir as populações» ao «atirar o odioso da decisão» para as futuras administrações das unidades hospitalares. E avisam que vão «fazer tudo» para impedir esta decisão, até porque a maternidade do CHCB reúne «as condições técnicas e humanas», para além de estar associada à FCS. Entretanto, Manuel Frexes, autarca do Fundão, já veio criticar o fecho das maternidades na região e manifestou solidariedade com Carlos Pinto.

Liliana Correia

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