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Covilhã, Fundão e Belmonte criam aliança intermunicipal

Cova da Beira unida para «ir mais além com projectos concretos» para os três municípios

Enquanto não se chega a uma conclusão sobre o modelo de descentralização a implantar na Beira Interior, o presidente da Câmara da Covilhã manifestou o desejo de constituir uma cooperação intermunicipal com Fundão e Belmonte. O desafio foi lançado na última segunda-feira aos autarcas destes dois municípios limítrofes no discurso comemorativo do Dia da Cidade e constitui, de acordo com Pinto, uma oportunidade para «ir mais além com projectos concretos» que na realidade são comuns. Trata-se, no fundo, da criação de «um embrião de intervenção mais significativa» para desenvolver a Cova da Beira e torná-la mais forte na reivindicação de apoios e estruturas. Reconhecendo que estes concelhos têm feito um programa de «expansão e de progresso», Carlos Pinto sugeriu a elaboração de um Plano Director «conjunto» para os três municípios poderem ordenar a Cova da Beira do ponto de vista urbano, industrial e comercial. Nesse sentido, o autarca desafiou Amândio Melo e Manuel Frexes, presentes na cerimónia, a integrarem os municípios de Belmonte e Fundão no ParkUrbis – Parque de Ciências e Tecnologia da Covilhã, cujas obras para a constituição do edifício-sede deverão começar em breve após o Ministério da Economia ter garantido 1,5 milhões de euros. «Somos todos bairristas, mas era importante que os municípios vizinhos se pudessem agregar ao ParkUrbis», pois há estruturas que «não são possíveis repetir», alertou. Este projecto é entendido como uma “mais valia” para a revitalização do tecido empresarial da região, uma vez que está vocacionada para desenvolver e investigar projectos inovadores, assentes num cariz tecnológico e científico. A criação de uma feira conjunta, com rotatividade entre os três municípios, para promover todos os sectores de actividade da Cova da Beira foi outro desafio dirigido aos autarcas vizinhos, que mostraram «total abertura» ao repto lançado.

Municípios juntos na defesa do desenvolvimento

«Temos a noção que a actividade municipalista só por si já teve o seu tempo. Em termos de desenvolvimento, temos que alargar as nossas fronteiras a outros municípios», referiu Amândio Melo, sublinhando que o desenvolvimento regional será «bem sucedido» se existir uma «estratégia alargada». Apesar de considerar este intermunicipalismo benéfico para a Cova da Beira, o autarca alerta que esta união não é o «embrião de alguma coisa» a constituir no âmbito do processo de descentralização implantado pelo Governo. Já Manuel Frexes considera que a Cova da Beira é um «núcleo essencial à constituição de uma comunidade urbana e pode ser um elemento centrifugador de forças, trazendo para si outros municípios, designadamente do distrito da Guarda e de Castelo Branco», adiantou, mostrando desta forma mais abertura quanto ao modelo a implementar para a região. Recorde-se que há uns tempos atrás, Frexes defendia apenas uma comunidade intermunicipal entre concelhos vizinhos, excluindo os municípios dos distritos da região, justificando que, juridicamente, não era possível implementar uma comunidade urbana, visto que a continuidade dos municípios não perfazia o número mínimo de 150 mil habitantes, um dos pressupostos da comunidade urbana. Colocando de parte os conflitos havidos em tempos com o presidente da Câmara da Covilhã, Frexes apoiou a iniciativa de Carlos Pinto, defendendo que é essencial «cimentar as relações intermunicipais» antes de se constituir qualquer comunidade. Para já, fica a promessa de um encontro entre os três autarcas vizinhos para debaterem uma «agenda de projectos e causas comuns, incluindo a futura comunidade», onde a Cova da Beira tem que «estar no núcleo duro», apontou.

Fundão e Covilhã reparam ponte

Fazendo jus às relações intermunicipais, as Câmaras da Covilhã e do Fundão assinaram na última segunda-feira um protocolo de cooperação para reparar a ponte entre as Minas da Panasqueira e Silvares. Uma ponte que estava em mau estado de conservação e que custará cerca de 125 mil euros. «A Câmara da Covilhã fez o projecto de recuperação e propôs à Câmara do Fundão a comparticipação da obra», explicou Alçada Rosa, adiantando desde já que ficou «muito contente por saber que vai haver mais uma obra assumida entre as duas Câmaras com a assinatura de um protocolo para um trabalho comum». Recorde-se que ainda em Julho último os dois autarcas inauguraram a Ponte Peso-Pesinho, uma obra comum que permitiu reunir estas duas povoações, divididas durante séculos pelas águas do Rio Zêzere.

Liliana Correia

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