Arquivo

«Corria-se o risco deste feito passar despercebido na Covilhã»

Cara a Cara – Entrevista

P – Porque decidiu escrever o livro “Sporting Clube da Covilhã na Taça de Portugal – Cinquentenário da sua participação na Final”?

R – Normalmente as pessoas têm a memória curta e, neste caso, corria-se o risco de comemorar mais um aniversário sem que se recordasse que, há 50 anos, o Sporting da Covilhã jogou a final da Taça de Portugal. As pessoas avivaram e, com este alerta, a coisa ganhou uma certa dinâmica e projecção muito maiores. Escrevi este livro para terminar o ciclo de publicações sobre o clube, aproveitando o ensejo de se tratar de um evento importante, como é a presença na final da Taça de Portugal. É importante para a região, porque mais nenhum clube o conseguiu. Nessa altura, o Sporting da Covilhã tinha uma grande evidência a nível nacional e conseguiu eliminar equipas como o Futebol Clube do Porto, o Vitória de Setúbal e o Lusitano de Évora, que era então um clube forte.

P – O livro só fala dessa participação?

R – Incide essencialmente sobre aquela época, mas tem informação de todas as participações do Covilhã, desde a sua génese até à eliminatória deste ano frente ao Mafra. O livro traz todos os participantes em todos os jogos, mas também pormenores como o melhor marcador de sempre na Taça. O primeiro é o Eusébio, mas o terceiro é um atleta que jogou no Sporting da Covilhã, chamado Suarez. São elementos que tive que pesquisar em Lisboa. De resto, a obra fala também de todas as participações do clube na Iª Divisão e contém muitas curiosidades.

P – Já não é o primeiro livro que escreve sobre o clube?

R – Não, é o quarto e o último que escrevi no âmbito monográfico. Considero que a obra está interessante e completa as restantes. É um ciclo que se fecha. Não vou fazer mais nenhuma monografia, seja de que colectividade for, porque tenho 61 anos e isto gera muitos aborrecimentos porque as pessoas, às vezes, querem mais do que aquilo que é. Futuramente, tenciono publicar um romance, que já anunciei há algum tempo, mas ainda não tive hipótese de o escrever.

P – Teve muito trabalho para recolher todo o material?

R – Demorei cerca de ano e meio, mas porque já tinha o historial do clube nos outros livros que escrevi. Contudo, dá sempre trabalho e “quem paga as favas” é a família, porque não posso descurar a minha actividade profissional. As pessoas gostam destes livros e eles desaparecem num ápice. Há uma boa adesão a tudo o que diz respeito ao Sporting da Covilhã, muita gente escreve-me e telefona a pedir este último. Isto entusiasma e é uma ajuda importante.

P – Esta obra também é uma forma de homenagear aquele feito histórico do clube?

R – Exactamente. É para homenagear a presença na final e os antigos atletas que o conseguiram. Fiz muitas amizades com os livros que escrevi sobre o clube. O que me dói no meio disto é a indiferença e a passividade que há, no âmbito cultural, em relação a este feito. No jantar do clube no ano passado, anunciei que o Sporting da Covilhã ia ter o seu quarto livro e que ultrapassava a grande maioria dos clubes do país neste âmbito, exceptuando o Sporting, Benfica, Porto e Belenenses. E houve uma indiferença total, pois a preocupação era saber quem era o novo treinador. Com este livro pretendo ainda que o clube reviva a notoriedade de outros tempos, e que se foi perdendo, mas também avivar as memórias dos antigos e que os novos fiquem a conhecer o que era a colectividade nos tempos dos seus pais e avós.

P – Vai receber alguma compensação financeira?

R – Não, até porque a iniciativa de o escrever foi minha e, na Covilhã, é complicado fazer-se alguma coisa, porque são precisos meios financeiros. Felizmente, consegui encontrá-los no seio do clube, através do presidente da Assembleia-Geral, António Lopes, mas em termos pessoais, além de alguns patrocínios de Juntas, da Câmara e de empresas. Nunca ganhei nem um cêntimo com qualquer livro. A minha preocupação é que me paguem, pelo menos, os custos tipográficos. Aliás, é a António Lopes que devo o facto de saírem mil exemplares e não 500.

Sobre o autor

Leave a Reply