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Corpo em Figueira e ouvidos em Trancoso

Desalento figueirense depois de “morrer na praia” mais um ano

O Ginásio Figueirense tinha de vencer o Sabugal e esperar que o Souropires “tropeçasse” em Trancoso. Só assim poderia manter intactas as suas aspirações de chegar ao título. Porém, nem uma coisa, nem outra. Pior do que isso, ou talvez não, é que, com o empate, foi ultrapassado, ao cair do pano de mais um campeonato, pelo Gouveia, quedando-se assim pela terceira posição, em detrimento do segundo lugar que dá acesso à Taça de Portugal.

Diga-se em abono da verdade que esta participação, além do prestígio, pouco mais representa para as equipas do distrito que são obrigadas a começar mais cedo a sua preparação, o que também implica um aumento da despesa. Quanto ao jogo, depois de um minuto de silêncio em memória de uma velha guarda do Ginásio, vitima de um atropelamento mortal, a partida começou com aquele que, por certo, será o golo mais rápido do distrital e, quiçá, mesmo de todas as competições desportivas em prova no nosso país. Após dois toques no meio campo, a bola saiu para os forasteiros, e depois de um ressalto num defesa, surgiu o remate com Bruno a defender para a frente e, na recarga, Ricardito fez “abanar” as redes no Municipal de Figueira. Estavam decorridos apenas 20 segundos de jogo! Alguns adeptos ainda entravam nas bancadas e já o Ginásio tinha de correr atrás do prejuízo. Com uma tarde aprazível para a prática do futebol, apesar das bancadas estarem “geladas”, os homens da casa, apesar de muito nervosos, reagiram e conseguiram acercar-se da baliza adversária e depois de uma jogada de insistência, Silva restabeleceu a igualdade, aos 6’. Galvanizado pelo golo, o Ginásio foi para a frente e criou uma mão cheia de oportunidades desperdiçadas: aos 7’ por Silva primeiro, Paulo Jacinto, depois, e Zé Santos, por último; aos 14’ por Manuel Rodrigues a querer endossar a bola a Zé Santos; aos 15’, de livre directo, Paulo Jacinto chutou contra o guarda redes; aos 21’, Pedro Mendes fintou uma série de adversários, mas o lance perdeu-se; aos 22’, Rutt, ao segundo poste, chegou atrasado à bola; aos 30’, 34’, 44’… Foram tantas as ocasiões perdidas que os adeptos ficaram desesperados. Mas o futebol é mesmo assim, com o Sabugal, aqui e ali, a ir dando um ar da sua graça e a criar também algumas oportunidades.

Chegado o intervalo, da instalação sonora confirmaram-se os piores cenários, com o Souropires e Gouveia a ganharem, e desta forma, o Ginásio quedava-se pelo terceiro lugar. Mas nem os resultados desfavoráveis espevitaram os homens do Figueira, uma vez que nos primeiros 20 minutos da segunda parte, jogou-se muito mal no Municipal Figueirense. Até que, numa jogada com pés, tronco e cabeça, Paulo Jacinto tabelou com Zé Santos, que rematou na passada e Silva, na recarga, marcou, acalentando a esperança figueirense. Contudo, o Sabugal não baixou os braços e como quem porfia, sempre alcança, Tó Zé, de livre directo, restabeleceu a igualdade, com Bruno a ser mal batido. A juntar à ineficácia dos atacantes há que dar os louros a quem os merece e, apesar de algo inseguro, Tiago teve ainda um punhado de excelentes defesas, algumas delas por instinto. Com o jogo a terminar, o desalento tomou conta de tudo e todos, com o pior cenário a confirmar-se: o Ginásio caiu para a terceira posição, “morrendo” assim mais uma vez na “praia”. O árbitro da partida teve uma actuação positiva, se bem que, com os seus preciosismos, enervou, sobretudo, os bancos, tendo como erro mais grave um fora de jogo assinalado aos homens da casa, depois da bola ter sido socada pelo guarda-redes adversário.

No final do encontro, o desânimo era evidente nas hostes figueirenses. O técnico Adelino Guerra não declinou culpas neste falhanço: «Estou frustrado e triste. O balanço é obviamente negativo e tenho que assumir toda a responsabilidade, já que vim para cá para sermos campeões. O que correu mal?! Tudo, desde as oportunidades falhadas, hoje e não só, às lesões de “pedras-chave», sublinhou. Também o presidente do Figueirense, Mário Jorge Quadrado, confessou estar «triste por uma vez mais não conseguirmos alcançar os nossos objectivos», não abrindo o jogo em relação à sua continuidade na liderança do clube. Quanto ao Sabugal, na próxima temporada, vai ser orientado por Duarte, ex-treinador do Soito, passando Daniel Vinhas a adjunto.

Carlos Coelho

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